terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Emocionante final em Tashkent

Sergey Karjakin teve o melhor desempate entre os três mestres que compartilharam a primeira colocação
O Grand Prix da FIDE acaba de realizar uma nova edição na capital de Uzbequistão, Tashkent, com participação de doze grandes mestres de alto nível (categoria XX, 2747 de elo médio). A prova teve muita emoção, pois durante todo seu desenvolvimento teve muitos cambios na liderança, até o mesmo final.
Alexander Morozevich teve um bom começo com 2 em 2 e ganhou a liderança isolada, porém uma derrota ante Sergey Karjakin relegou-o, enquanto seu vencedor tomou a liderança. Na penúltima rodada Karjakin perdeu ante Mamedyarov, que passou liderar junto com Morozevich, porém na última o representante azerí a sua vez caiu derrotado ante Wang Hao, que desse jeito alcançou a primeira colocação superando ao seu vencido. Morozevich empatou seu jogo e Karjakin, que venceu após seis horas e meia a Ponomariov, também compartilhou o primeiro lugar -e teve o melhor sistema de desempate-.
 
Posições finais

1-3. S. Karjakin, Wang Hao, A. Morozevich 6½; 4-6. R. Kasimdzhanov, S. Mamedyarov, F. Caruana 6; 7-9. P. Svidler, R. Ponomariov, P. Leko 5½; 10. B. Gelfand 4½; 11. L. Dominguez 4; 12. G. Kamsky 3½
 
O jogo do dia
 
 
Wang Hao (2737) - Mamedyarov,S (2764)

Tashkent UZB (11), 04.12.2012

[Resumo de notas do MI Luis Rodi para Xadrez Diário]

O estilo capablanquino de Wang Hao brilhou a grande altura nesta edição do Grand Prix na capital uzbeca, pois ele compartilhou o primeiro lugar e produz belas partidas. A que segue foi a mais importante das suas vitórias -o seu vencedor antes deste jogo liderava a prova-
 
1.d4 d5 2.c4 c6 3.Cf3 Cf6 4.e3 Bf5 5.Cc3 e6 6.Ch4
 
A linha principal. As brancas vão pelo par de bispos das pretas, considerando que esse elemento vai ser importante no transcurso da luta
 
6...Be4
 
As pretas provocam f3 -que em certa forma pode ser visto como um enfraquecimento da ala de rei branca, se bem que em algumas posições forma parte do plano de avanço branco no centro e na ala de rei- antes de se retirar a g6. A imediata 6...Bg6 é a alternativa natural, enquanto 6...Bg4 também tem seu espaço na teoria da Eslava
 
7.f3 Bg6 8.Db3
 
Este lance é a principal preferência branca, e ganhou ainda mais espaço depois de ter sido recomendado por Boris Avrukh no seu livro de aberturas (repertório de brancas com 1.d4). O primeiro lado também utilizou alternativas como 8.Cxg6 e 8.g3
 
8...Dc7 9.Bd2 Be7 10.Cxg6 hxg6 11.0–0–0 Cbd7
 
Um dos lances que está na moda, mas as estatísticas favorecem claramente às brancas aqui. Avrukh recomenda 11...dxc4 citando 12.Bxc4 b5 13.Bd3 a6 14.Ce4 Cbd7 15.Rb1 Tc8 com jogo complexo, como em Wang Yue - Bu Xiangzhi, Khanty Mansiysk 2007; enquanto 11...a6 empregada por Eljanov e Caruana é também uma alternativa decente
 
12.cxd5 cxd5
 
 
A estrutura é simétrica, porém nesse cenário a maior atividade das peças brancas e o par de bispos contam em algo. Posivelmente tenha sido esse o motivo de Ivanchuk escolher 12...Cxd5!? nesta posição
 
13.Rb1!
 
O lugar correto para o rei uma vez aberta a coluna c, que vai ser ocupada pelas torres
 
13...Db6N
 
As pretas realizavam este lance após 13...a6 por exemplo 14.Tc1 Db6 onde 15.Da4 0–0 16.g4 oferece iniciativa às brancas, Pecorelli - Salgado Lopez, Marin 2004
 
14.Da4 a6 15.g4
 
O ganho de espaço na ala de rei é temático. O par de bispos trabalha especialmente bem neste tipo de cenários, pois quando a posição se abre, eles vão poder desplegar todo seu potencial
 
15...Dc6?!
 
Uma ideia desafortunada, proque as pretas não vão realizar, depois da troca, o avanço ...c5 e o peão em c6 fica fraco; 15...Tc8!? é aqui uma opção natural
 
16.Dxc6 bxc6 17.Ca4 e5?!
 
17...c5 parece necessária, se bem que as brancas têm uma ligeira vantagem na continuação 18.h4 cxd4 19.exd4² A sua maioria na ala de dama é útil e potencialmente perigosa
 
18.Be2 g5?! 19.Tc1± Th6!? 20.Txc6 Ce4 21.Txh6 Cxd2+ 22.Rc2 gxh6 23.Rxd2 exd4 24.exd4 Bd6 25.h4 Re7 26.hxg5 Bf4+ 27.Rc2 Bxg5  28.b4! a5
 
Com a ilusão de poder bloquear a posição após 29.b5 Rd6, porém o seguinte lance branco é a refutação desta ideia; 28...Rd6 29.Cc5 Cxc5 30.dxc5+ Rc7 31.f4 Bxf4 32.Tf1 Te8 33.Bd3+-
 
 
29.Bb5!
 
Com a simples ameaça de tomar em d7. A sequência que segue assegura outro peão ás brancas
 
29...Cf8 30.Cb6 Tb8 31.bxa5+-
 
As pretas não têm como se opor ao avanço dos peões livres das brancas na coluna a
 
31...Ce6 32.Rd3 Rd6 33.a4 Cf4+ 34.Rc3 Ce6 35.Rd3 Cf4+ 36.Rc3 Ce6 37.Te1 Bf6 38.Txe6+!?
 
Simples era 38.Rd3 onde a captura em d4 com bispo perde peça e 38...Cxd4 é respondido com 39.a6!+-
 
38...fxe6 39.a6 Th8 40.a7 Rc7 41.a8D Txa8 42.Cxa8+ Rb7 43.Bd7
 
43.Bc6+ Rxc6 44.a5 é a opção. As brancas devem ganhar o final resultante
 
43...e5 44.dxe5 Bxe5+ 45.Rd3 d4 46.a5 Rxa8 47.a6
 
 
As brancas ganham com facilidade este final, apesar dos bispos de diferente cor. O plano é simples: primeiro, o bispo se coloca na diagonal f1–b5 para defender o a6 e impedir o avanço do peão central preto; depois disso o rei apoia o avanço do peão f, que custa a vida ao bispo. Pelo geral, como o mi Leandro Perdomo gosta de comentar, dois peões livres permitem ganhar o final de bispos de diferente cor -este é um desses casos- 1–0


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