quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Carlsen, 2872 elo

A FIDE deu conhecer o listado elo correspondente ao més de fevereiro, sendo o resultado mais notável a adição de 11 pontos elo no rating do número 1, Magnus Carlsen, que agora alcança os 2872 pontos. Estratosférico!

FIDE Rating List February 2013. Top 30
RkOldRkNameFEDTiRtgChgOldRtgGames
11Carlsen, MagnusNORGM2872+11286113
22Kramnik, VladimirRUSGM281028100
33Aronian, LevonARMGM2809+7280213
44Radjabov, TeimourAZEGM279327930
56Karjakin, SergeyRUSGM2786+6278013
67Anand, ViswanathanINDGM2780+8277213
78Topalov, VeselinBULGM277127710
89Nakamura, HikaruUSAGM2767-2276913
910Mamedyarov, ShakhriyarAZEGM276627660
1011Grischuk, AlexanderRUSGM276427640
1113Ivanchuk, VassilyUKRGM275827580
1212Morozevich, AlexanderRUSGM275827580
135Caruana, FabianoITAGM2757-24278113
1415Svidler, PeterRUSGM274727470
1519Leko, PeterHUNGM2744+9273513
1614Wang, HaoCHNGM2743-9275213
1716Gelfand, BorisISRGM274027400
1817Kamsky, GataUSAGM274027400
1918Gashimov, VugarAZEGM273727370
2020Jakovenko, DmitryRUSGM273427340
2121Ponomariov, RuslanUKRGM273327330
2222Andreikin, DmitryRUSGM272727270
2324Adams, MichaelENGGM272527250
2425Dominguez Perez, LeinierCUBGM272327236
2523Giri, AnishNEDGM2722-4272613
2627Tomashevsky, EvgenyRUSGM272227220
2728Volokitin, AndreiUKRGM272227220
2829Areshchenko, AlexanderUKRGM272027200
2936Naiditsch, ArkadijGERGM2716+8270813
3030Vachier-Lagrave, MaximeFRAGM2715+2271312

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Título de Mestre Nacional é reativado


No seu comunicado 17/2013, a Confederação Brasileira de Xadrez (CBX) informa que reativou o título de Mestre Nacional, por sugestão do enxadrista paraibano Paulo Barbosa.
"Este título tradicional da Confederação -diz o comunicado- ficou muito tempo sem ser concedido e pode ser requisitado por enxadristas que obtiveram 2200 FIDE ou CBX em alguma lista. É uma forma de valorizar e reconhecer um marco técnico adquirido pelo enxadrista brasileiro. Solicitações: enviar email a cbx@cbx.org.br com cópia a VPT bento1306@gmail.com.
É uma muito boa iniciativa, que vai fomentar o jogo ciência nos diferentes estados ao criar para os enxadristas uma meta possível, mais acessível que os títulos da FIDE.
Até o momento, os enxadristas que solicitaram -e obtiveram- o título são:

Marco Aurélio Maia (RJ)
Wagner Borges (MA)
Maximo Igor Macedo (RN)
Evandro Rodrigues (PB) 
Adriano Albiani Barata (BA)
Bergson Fragoso da Silva (MA)
Carlos Evanir Costa (RJ)
Gulherme Deola Borges (SC)
Paulo Jorge Alves Bezerra De Moura (PE)
Jorge Wilson Martins da Rocha (ES, na foto)
Renan Soares (DF) 

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

EEUU é campeão no Panamericano por equipes



A 9a. edição do campeonato panamericano por equipes de xadrez teve lugar na cidade de Campinas, pelo sistema shuring a dupla volta com quatro times participantes: Estados Unidos -pela primeira vez na competição- Cuba, Brasil e Uruguai. Os dois primeiros são as principais potencias do continente, o time local contou com os grandes mestres Henrique Mecking, Gilberto Milos, Felipe El Debs e Everaldo Matsuura (foto) mais o mestre internacional Diego di Berardino -uma forte representação- e a celeste formou com seus melhores enxadristas.
Vale destacar que a equipe estado-unidense participou com muitas das suas principais figuras: Alexander Onischuk, Varuzhan Akobian, Ray Robson, Alexander Lenderman e Samuel Shankland. Cuba contou com Leinier Dominguez, Lázaro Bruzón e Yuniesky Quezada, enquanto por Uruguai participou Andrés Rodriguez.
A prova, organizada pela Confederação Brasileira de Xadrez, foi arbitrada pelo internacional Antonio Bento, com o também AI Elcio Mourão como adjunto.
Na última rodada Brasil obteve um meritório empate ante o campeão Estados Unidos, porém como Cuba venceu Uruguai a equipe nacional finalizou na terceira colocação.
O site oficial é: www.panamericano-equipes.blogspot.com.br/
As posições finais: 1. EEUU (16½) 10; 2. Cuba (15½) 7; 3. Brasil (11½) 6; 4. Uruguai (4½) 1
Considerando a força dos primeiros dois equipes, a atuação de Brasil foi digna, com destaque para este empate na última rodada com Estados Unidos e a vitória, pela rodada 3, sobre Cuba.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Carlsen, extraordinário em Wijk



Magnus Carlsen (foto) foi o legítimo vencedor na 75a edição desta tradicional prova, hoje a mais importante do mundo no campo privado (isto é, fora das competências oficiais da FIDE).
Os extraordinários 10 pontos sobre 13 possíveis do número 1 do rating elo (+7 =6) igualaram a melhor marca histórica da prova, em poder do ex campeão mundial Garri Kasparov que fez os mesmos pontos na edição de 1999.
O mestre norueguês fez a diferencia na segunda parte da prova, com uma vitória chave na oitava rodada contra Sergey Karjakin, no momento onde ambos os mestres discutiam os primeiros lugares.
O approach de Carlsen foi também extraordinário e nisto muito diferente ao de Kasparov. No enfoque do atual campeão de Wijk aan Zee as aberturas não foram a parte fundamental do jogo, e obter nelas uma vantagem não foi decisivo para obter depois os pontos; pelo contrario, o emprego de linhas secundá-rias (como a variante 6.g3 contra a Kalashnikov de Nakamura na rodada 12) ou aberturas consideradas inofensivas (como a Ponziani utilizada para vencer Harikrishna) nunca foi obstáculo para, desde posições equilibradas porém complexas, jogar a ganhar utilizando recursos típicos do conhecimento de meio jogo e final.
Em Wijk aan Zee, Carlsen demonstrou que está numa fase excelente, e que vai ser um grande candidato ao título mundial, começando pela sua participação, no próximo més de março, do torneio candidatura que acontecerá em Londres.
A poucas rodadas do final, e quando ficou claro que nenhum iria tirar o primeiro lugar das mãos do norueguês, a questão principal passou ser quem resultaria segundo. Dentre os possíveis candidatos, Levon Aronian foi o mais regular, e merecidamente conquistou essa praça.
Há que destacar o valor anímico deste logro, com base em dois fatores que poderiam ter derrubado qualquer um: o começo duvidoso (1½ em 4) e uma muito dura derrota ante Anand.
O campeão mundial, justamente, chegou na terceira colocação, após fazer o seu melhor torneio dos últimos tempos, apenas estragado pela derrota na última rodada contra Wang Hao. Anand deixa esta edição com a satisfação de ter criado, no seu jogo contra Aronian, uma verdadeira joia, uma obra de arte que no futuro vai ser colocada ao lado de miniaturas como a Morphy - Duque de Brunswick e conde Isouard ou a mesma Imortal de Adolph Anderssen.
Anand compartilhou finalmente a ter-ceira colocação com Sergey Karjakin, que depois de um muito bom começo teve uma baixa de nível na segunda fase da prova, se recuperando no final para alcançar o grupo dos líderes.
Peter Leko, quinto colocado, teve seu melhor torneio desde a sua volta ao xadrez magistral, com três vitórias, nove empates e só uma derrota, mostrando a sua solidez habitual e sua grande técnica.
No torneio B, grande tarefa de Arkady Naiditsch, porém também de quem compartilhou a primeira colocação apesar de não ter experiencia em torneios desta categoria: o húngaro Richard Rapport, que em diversos casos teve que se recuperar de derrotas inesperadas para continuar a luta pela liderança. Com força anímica singular, o jovem mestre superou esses momentos e finalmente teve seu premio.
11/13 foi, entretanto, a sensacional marca do italiano Sabino Brunello para acessar o primeiro lugar no torneio C.
Para finalizar, é bom destacar a cobertura do site oficial, com informação de qualidade, uma boa seleção de fotos, videos onde os protagonistas comentavam os jogos, etc. E também a decisão dos organizadores de continuar realizando o festival, que tem patrocínio da empresa Tata ao menos até 2015.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Brasil empata com Uruguai

Brasil não passa do empate ante Uruguai, mas ainda conserva o segundo lugar no Panamericano por equipes que se realiza na cidade de Campinas.
O time anfitrião escalou Milos, El Debs, Di Berardino e Matsuura. Todos eles empataram seus jogos -ante Rodriguez, Roselli, Rivera e Izquierdo respetivamente-. A equipe celeste vinha fechando a tabla de posições sem unidades e com somente dois empates em doze jogos, mas ontem seus integrantes fizeram valer a sua experiencia e surpreenderam ao dividir os pontos com a equipe brasileira que era clara favorita.
Apesar do resultado, Brasil mantem a segunda colocação na prova, fruto da sensacional vitória contra Cuba pela rodada 3. Os cubanos, nesta quarta rodada, empataram com Estados Unidos, que mantem uma cômoda liderança.
Posições: 1. EEUU 7; 2. Brasil 5; 3. Cuba 3; 4. Uruguai 1
Hoje, pela rodada 5, se enfrentam Brasil - EEUU e Cuba - Uruguai

sábado, 26 de janeiro de 2013

Brasil vence a Cuba no Pan!


Uma grande vitória ante uma das potencias do continente obteve a equipe brasileira que participa da nona edição do Panamericano por equipes que se realiza na cidade de Campinas, já que venceu ao segundo pré-classificado, Cuba, pleo placar de 2,5 x 1,5 (vitória do grande mestre Everaldo Matsuura).
Nos tabuleiros 1 e 2 Henrique Mecking (foto) e Gilberto Milos asseguraram às estrelas cubanas Leinier Dominguez e Lázaro Bruzon respetivamente (os dois com acima de 2700 elo) com sendas divisões do ponto, enquanto Felipe El Debs fez o mesmo no terceiro tabuleiro contra Yuniesky Quesada. Matsuura obteve a vitória no tabuleiro 4 sobre Ortiz Suárez.
No outro match da jornada, os Estados Unidos venceram 4 x 0 a Uruguai. Destaque para a bonita vitória de Alexander Onischuk sobre nosso amigo Andrés Rodriguez.
Finalizada a primeira volta do torneio, Estados Unidos lidera com seis pontos, seguido por Brasil (4), Cuba (2) e Uruguai (0).
O site oficial (resultados, jogos e mais) é www.panamericanoequipes.blogspot.com.br

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Panamericano por equipes em Campinas


A 9a. edição do campeonato panamericano por equipes de xadrez tem lugar nessa cidade paulista, pelo sistema shuring a dupla volta com quatro times participantes: Estados Unidos -pela primeira vez na competição- Cuba, Brasil e Uruguai. Os dois primeiros são as principais potencias do continente, o time local conta com os grandes mestres Mecking, Milos, El Debs e Matsuura e o mestre internacional Di Berardino -uma forte representação- e a celeste forma com seus melhores enxadristas.
A prova, organizada pela Confederação Brasileira de Xadrez, é arbitrada pelo internacional Antonio Bento, com o também AI Elcio Mourão como adjunto. 
Disputadas duas rodadas, lidera a equipe estado-unidense após vencer os dois matches disputados contra Uruguai e Brasil.
O site oficial é: www.panamericanoequipes.blogspot.com.br/

Resultados da rodada 1

EEUU - Cuba 2½-1½
A. Onischuk - L. Dominguez ½-½
V. Akobian - L. Bruzon ½-½
Y. Quesada - R. Robson ½-½
S. Shankland - I. Ortiz Suarez 1-0

Brasil - Uruguai 3-1
H. Mecking - B. Roselli ½-½
F. El Debs - M. Larrea 1-0
D. Di Berardino - D. Rivera 1-0
E. matsuura - D. Izquierdo ½-½

Resultados da rodada 2

EEUU - Brasil 3-1
A. Onischuk - H. Mecking ½-½
V. Akobian - G. Milos ½-½
A. Lenderman - F. El Debs 1-0
S. Shankland - D. Di Berardino 1-0

Cuba - Uruguai 4-0
L. Dominguez - A. Rodriguez 1-0
L. Bruzon - B. Roselli 1-0
Y. Quesada - M. Larrea 1-0
I. Ortiz Suarez - D. Rivera 1-0

Posições
Por pontos/match (total pontos)
1. EEUU (5½) 4; 2-3. Cuba (5½), Brasil (4) 2; 4. Uruguai (1) 0

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Domínio de Carlsen em Wijk aan Zee



Magnus Carlsen adicionou mais vitórias nas últimas duas rodadas para consolidar a sua liderança -os mais imediatos seguidores estão um ponto e meio abaixo-. A sua atuação é extraordinária; para achar exemplos comparáveis temos que citar Alekhine em San Remo 1930, o Fischer dos campeonatos estado-unidenses ou o Kasparov dos melhores tempos, quando a dúvida era somente quem ficaria com a segunda colocação. Parece difícil que com semelhante margem se lhe escape o primeiro lugar na cita holandesa, sobretudo porque o jogo por ele mostrado não permite sequer imaginar como isso seria possível.
O norueguês está em caminho de bater outro record de Kasparov, após ultra-passa-lo no rating elo: o Ogro de Bakú ganhou esta prova com 10/13 em 1999. Para alcançar esse resultado Carlsen precisa fazer dois pontos nos três jogos que restam, um cenário possível.
Tudo dito, vamos nos concentrar então nos grandes mestres que lutam pela segunda colocação, a qual compartilham realizadas dez rodadas. Eles são Viswanathan Anand, Levon Aronian e Hikaru Nakamura (foto).
O bom começo do campeão mundial parecia presagiar uma excelente atuação, sobretudo após a maravilhosa vitória contra Aronian. No entanto, uma sucessão de empates deixou Anand fora da luta pelo primeiro lugar (é que Carlsen está intratável) e, mais preocupante, longe de manter a boa impressão causada nas primeiras rodadas. O Anand dos últimos tempos parece ter perdido a motivação para lutar neste tipo de torneios, onde o excesso de empates lhe acaba privando das possibilidades de vencer. Isso, claro, não acontece nos matches -com o título de campeão mundial em jogo-, onde os empates têm um valor diferente. E ainda assim, a grande qualidade do seu jogo faz ele se destacar e permanecer nos primeiros lugares. O tigre de Madras pode cochilar, porém quando acorda com vontade de jogar é temível.
De Levon Aronian deve se destacar a grande recuperação que teve após um começo duvidoso e sofrer uma dura derrota -a citada contra Anand-. Seu xadrez parece simples, porém é de uma complexidade e beleza difíceis de apreciar para os não entendidos. Lances como o Bf3!! do seu jogo da rodada 10 contra Wang Hao fazem a diferencia -e são tão difíceis de prever como as entregas de Anand no jogo mencionado- e a sua grande técnica aparece quando os recursos prévios lhe outorgam a vantagem.
Hikaru Nakamura é o único que pode se atravessar no caminho de Carlsen, com quem se enfrenta -levando as pretas- na rodada 12. Como Aronian -em passant, seu adversário na rodada 11- o seu começo de torneio não foi brilhante, mas nos últimos dias foi recuperando posições até alcançar a segunda colocação. O importante deste processo é que a forma de obter bons resultados foi semelhante a exibida por Carlsen: zero preocupação pela abertura (isto é, sem jogar as linhas críticas dos esquemas de moda) e muito espírito de luta nas seguintes fases, ganhando os jogos desde posições equilibradas. Um exemplo recente disso é o seu jogo contra Caruana que, dito seja, parece não estar no seu melhor torneio.
Destaque final para Peter Leko, que vem mostrando seu tradicional jogo sólido com um plus de ambição que lhe permite se posicionar na quinta colocação junto com Sergey Karjakin.

O torneio B
A definição do torneio B está aberta, com cinco participantes com chances de vencer a prova e se transformar assim em sério candidato a participar da prova superior na próxima edição.
Os experimentados Sergey Movsesian e Arkady Naiditsch -os dois primeiros pré-classificados da prova- já têm muitos finais deste tipo nas suas costas. Ambos os mestres foram se consolidando com o correr das rodadas após começo regular. O mesmo pode-se dizer de Jan Smeets, o crédito local.
As revelações do torneio são os jovens Richard Rapport e Danil Dubov -que no 2012 surpreendeu apo se classificar à superfinal russa-. O húngaro teve um começo espetacular -5 em 6 com quatro vitórias consecutivas, entre elas sobre Tiviakov e Movsesian-, depois foi administrando mas sempre se manteve como um firme candidato. Dubov teve uma marcha mais regular mais sempre esteve nos primeiros lugares.
Decepcionaram Sergey Tiviakov e Roman Edouard. O primeiro teve um muito bom começo mas três derrotas consecutivas (!) o deixaram fora da luta pelo primeiro lugar. De forma semelhante ao veterano Jan Timman chegou compartilhar o primeiro lugar mas duas derrotas seguidas nas últimas rodadas relegaram ele.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Os objetivos de Magnus

Entrevistado em Wijk aan Zee, o líder cômodo da prova expressou que tem ainda alguns objetivos após ter quebrado o record de Kasparov com seus 2861 elo (2859 foi a marca do Ogro de Bakú).
Carlsen declarou duas tarefas e lhe adicionaram outra, que consideradas não parecem menores a aquelas que o famoso herói da mitologia grega, Hércules, teve que enfrentar. Mas, como acontece com aquele semideus, também podemos esperar que Carlsen as realize!
* Ser campeão do mundo - Uma tarefa bem possível. Claro, há que ganhar o candidatura (atualmente pelo sistema de mini-matches) e depois o match contra o campeão mundial (hoje, o indiano Viswanathan Anand).
* Ultrapassar os 2900 elo - Esto já parece bem duro, mas a ideia de Magnus é ser o único ser humano na história em chegar nessa marca. O problema é que quanto mais pontos elo ele coleita, cada empate com seus colegas de 2700 o deixa perdendo unidades...
* Quebrar o recorde de Kasparov em Wijk aan Zee, torneio que ganhou com 10/13 no ano 1999. Magnus vai com 8 em 10, e parece perfeitamente possível que ao menos ele empate Kasparov fazendo 2/3 nos jogos que seguem. Os adversários que restam são Anish Giri (não no seu melhor torneio, mas já ganhou de Carlsen no mesmo cenário), o chinês Wang Hao e Hikaru Nakamura (que ainda oferece luta pelos primeiros lugares).

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Carlsen desafia valor da abertura

Magnus Carlsen (esq) vence sem se preocupar demasiado pelo resultado da abertura...

Escreve o MI Luis Rodi

Mais quatro rodadas aconteceram desde o balanço feito previamente, alcançando um total de oito. Se a grande figura dessas primeiras quatro foi o campeão mundial Viswanathan Anand, o protagonista desta segunda série de jogos foi o número 1 do elo, Magnus Carlsen, que é o líder isolado da prova, com meio ponto a mais que o mestre indiano.
Carlsen consolidou a sua liderança após vencer em maratonica partida a Sergey Karjakin na última rodada. Como mencionara no anterior balanço, o norueguês ganha no meio jogo, sem se preocupar pelo resultado da abertura, fase na qual emprega diversas ideias com grande flexibilidade, porém não nas linhas críticas da grande teoria. Assim, no jogo citado ele empregou uma linha não muito ambiciosa da Reti -mas não sem veneno: a linha foi empregada com grande sucesso pelo russo Loginov- e os acontecimentos pareciam levar à divisão do ponto quando promediava o jogo. No entanto, algumas imprecisões de Karjakin permitiram primeiro um final algo melhor (torre e bispo por lado, estes últimos de diferente cor, sendo o de Carlsen mais ativo e agressivo) e depois uma forte iniciativa a través de uma interessante entrega de peão que, se tivesse sido bem respondida teria levado somente ao empate. Em apuro de tempo, o russo não achou a melhor continuação e acabou em uma posição desesperada com dois peões livres por lado -mais o material antes citado-. O detalhe é que o rei de Karjakin se achava no caminho dos peões e sob fogo cruzado das peças adversárias. Impossível resistir. Carlsen arrematou com elegância  utilizando a iniciativa para obter a passagem a um final de bispos ganho.
Os recursos de Carlsen são simplesmente extraordinários, e de certa forma revolucionam o xadrez, matando aquele conceito que assegura que estudo por-menorizado das aberturas é decisivo na sorte do jogo. Contra ele você pode equilibrar sem problemas na abertura após decorar toneladas de lances e... depois perder sem saber porque!
Os modernos mestres dão demasiada importância á abertura? Eles tem perdido a força prática em aquelas posições de meio jogo lutado e final sutil que exibiam mestres como Lasker Capablanca, Alekhine ou Botvinnik, por citar só uns poucos? O elo é maior (eu penso que fruto da inflação) porém o jogo é também maior? Conhece um top ten atual mais xadrez que o que conhece Ulf Andersson, Lajos Portisch ou Jan Timman? São os tempos de jogo mais rápidos os responsáveis deste enfoque onde a abertura tem a prioridade?
Boas perguntas, e cada enxadrista tem a sua própria opinião sobre o tema, que de qualquer jeito é interessante na hora das conversas.
Em Wijk aan Zee, Carlsen está mostrando que não depende de memorizar variantes de abertura, e que desde uma posição equilibrada pode jogar a ganhar utilizando recursos típicos de meio jogo -por exemplo, incremento de pressão quando o adversário está com pouco tempo-. 
No segundo lugar, o campeão mundial espera por uma chance. Anand vem mostrando um bom xadrez -o seu melhor nos últimos meses- e está somente a meio ponto abaixo de Carlsen.
Destaque para a recuperação de Levon Aronian, após um começo ruim. E para o espírito de luta de Hikaru Nakamura, que compartilha a terceira colocação com o mestre armênio.

Estadual Popular - Verão

popular_verao_2013
Faltam poucos dias para a realização do estadual Popular - Verão da Federação de Estado de Rio de Janeiro (Fexerj)!
A prova vai ter lugar entre os dias 2 e 3 de fevereiro nas instalações da Associação Scholem Aleichem (Rua São Clemente 155, fundos, Botafogo – Rio de Janeiro – Próximo ao metrô de Botafogo) e vai repartir 3.000 reais em premios.
O tempo de reflexão para cada jogador por jogo é de uma hora, se disputando o torneio pelo sistema suíço em seis rodadas.
Mais informação no site da Fexerj: www.fexerj.org.br/

domingo, 20 de janeiro de 2013

Carlsen segue liderando; agora sozinho


Magnus Carlsen manteve a liderança após vencer em longa batalha (jogo comentado na versão para assinantes de Xadrez Diário) ao representante russo Sergey Karjakin, após uma bem conduzida iniciativa em posição com torre e bispos de diferente cor -não sem alguma ajuda do adversário, que perdeu nos momentos chave as continuações que lhe teriam permitido obter o empate-.
Quem até ontem compartilhava o primeiro lugar com o norueguês, o campeão mundial Viswanathan Anand, empatou na sempre difícil Ruy Lopez Schliemann ante Ivan Sokolov e agora se posiciona a meio ponto do líder.
Na terceira colocação, com um ponto a menos que Carlsen, se encontram Levon Aronian (foto) e Hikaru Nakamura. Enquanto o mestre armênio ganhou em boa forma (ver jogo abaixo), o estado-unidense teve problemas no seu jogo contra Van Wely, ficou perdido e somente um erro adversário seguido por uma feliz inspiração lhe permitiu salvar meio ponto.

Aronian,L (2802) - Hou,Yifan (2603)

75th Tata Steel GpA Wijk aan Zee NED (8), 20.01.2013

1.c4 Cf6 2.Cc3 e6 3.e4 d5 4.e5 d4 5.exf6 dxc3 6.bxc3 Dxf6 7.Cf3
O esquema preferido de Aronian, em vez da mais popular 7.d4
7...e5 8.Bd3 Bg4 9.Be4 Cd7
Uma interessante entrega de peão, que é a novidade do jogo. Aronian comentou após a partida que ele tinha analisado ela oportunamente; 9...Cc6 10.0–0 com pequena vantagem branca, Nakamura - Zarnicki, Minneapolis 2005
10.Bxb7 Tb8 11.Bd5 c6 12.Be4 Cc5 13.De2 Cxe4 14.Dxe4 Bxf3 15.Dxf3 Dxf3 16.gxf3 Bd6


A compensação preta radica na maior atividade das suas peças e com isso as chances de explorar as fraquezas da estrutura branca
17.Rd1!
Excelente, para liberar ao bispo da defesa do ponto b2
17...Rd7 18.Rc2 f5
Talvez 18...Tb7!? 19.Tb1 (19.h4 Thb8„) 19...Txb1 20.Rxb1 Tb8+ 21.Rc2 Tb6 com compensação
19.d3 Thf8 20.Tg1 g6 21.Bh6 Tf7 22.Tad1 Re6 23.Bc1 Tb6
23...Tfb7!? 24.d4 Tb1 25.c5 Bc7 com compensação


24.f4! Ta6?!
A ex campeã mundial começa perder pé na posição. Melhor é 24...exf4 25.d4 e as brancas têm iniciativa
25.fxe5 Txa2+?
As pretas vão perder peça sem obter suficiente compensação a cambio; 25...Rxe5 era necessária, por exemplo 26.c5 Bc7 27.d4+ Rf6 28.Bg5+ Rg7 29.Ta1 Bxh2 30.Tge1 com ligeira vantagem branca
26.Rb1+- Txf2 27.exd6 Tb7+ 28.Ra1 Rxd6 29.Td2
O resto é simples
29...Tf3 30.Te1 Td7 31.Rb1 g5 32.Rc2 f4 33.Ba3+ Rc7 34.d4 g4 35.d5 cxd5 36.cxd5 h5 37.Be7 g3 38.Te5 Te3 39.d6+ Rc6 40.Txh5 1–0

sábado, 19 de janeiro de 2013

Anand e Carlsen lideram em Wijk aan Zee


O campeão mundial Viswanathan Anand (foto) venceu hoje ao local Loek Van Wely e aproveitou o empate do até então líder isolado, Magnus Carlsen (com Peter Leko) para acessar a ponta da prova. Agora o mestre indiano e o prodígio norueguês compartilham a primeira colocação no equador da prova.
A meio ponto deles se posicionam o russo Sergey Karjakin e o estadounidense Hikaru Nakamura, que obteve a sua segunda vitória hoje.
Anand obteve uma melhor posição na abertura, que começou com uma defesa Escandinava. O jogo pode-se ver na continuação:



Anand,V (2772) - Van Wely,L (2679) 
Wijk aan Zee NED (7), 19.01.2013
1.e4 d5 2.exd5 Dxd5 3.Cc3 Da5 4.d4 Cf6 5.Bd2 Bg4 6.f3 Bd7 7.Bc4 Db6 8.Cge2 e6 9.Bb3 Cc6 10.Be3 Ca5 11.0–0 Cxb3 12.axb3 Be7 13.Cf4 0–0 14.Te1 Tfd8 15.Cd3 Dd6 16.Bf2 Bc6 17.Ce4 Cxe4 18.fxe4 f5 19.exf5 exf5 20.c4 Be4 21.Cc5 Dg6 22.Cxe4 fxe4



23.Db1 Bf6 24.Dxe4 Dxe4 25.Txe4 c6 26.Rf1 Td7 27.Re2 a6 28.Rd3 Tad8 29.Tae1 Rf7 30.Be3 h5 31.Tf1 Rg6 32.b4 Td6 33.h3 T6d7 34.g4 hxg4 35.hxg4 Tf8 36.g5 Bxd4 37.Te6+ 1–0


quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Três claros líderes em Wijk aan Zee


Após quatro rodadas disputadas, e antes do primeiro dia livre, três grandes mestres se distanciaram na liderança do resto dos competidores, com 3 pontos sobre 4. São eles Sergey Karjakin, Magnus Carlsen (foto) e Viswanathan Anand.
Karjakin teve um extraordinário começo, e até aqui é um dos mais regulares da prova: ganha quando leva as brancas e empata de pretas, como a velha escola soviética recomendava fazer neste tipo de torneios. Mostrou boa técnica nas suas vitórias, e também na hora de defender posições inferiores como a que teve ante Nakamura na rodada 4, onde salvou um final de peças pesadas com peão a menos.
Pouco se pode adicionar ao que los leitores já conhecem do número 1 do rating elo, o norueguês Carlsen. Como mencionou o grande mestre Joel Benjamin em um recente artigo publicado no Yearbook, a maior fortaleza dele não parece estar na abertura -em isso se diferencia claramente de Kasparov, que exercía a máxima pressão desde os primeiros lances- mas sim nos enormes recursos que parece ter nas seguintes fases de jogo. Benjamin, nesse senso, chegou a compara-lo com Lasker. Em Wijk, Magnus parece corroborar o analises do mestre americano, utilizando esquemas que na teoria não são críticos, como a abertura Ponziani (1.e4 e5 2.Cf3 Cc6 3.c3) que utilizou para derrotar Harikrishna.
O terceiro integrante do clube dos líderes é o campeão mundial Anand, que pos-sivelmente seja quem esté mostrando o mais extraordinário xadrez do torneio, fruto da sua excelente preparação. O seu jogo contra Fabiano Caruana pela terceira rodada foi muito bom, mas o da quarta pode-se calificar simplesmente como obra de arte. Não todos os dias se pode vencer Levon Aronian -o número 3 do mundo- de pretas e em somente 23 lances! Anand o fez, com o adicional de ter feito isso com lances elegantes, fortes e sobretudo difíceis de antecipar.
Amanha a quinta rodada entrega um jogo estelar: Anand leva as brancas ante Carlsen. O outro líder, Karjakin, procurará uma nova vitória desde o lado branco ante Giri. È cedo ainda -restam nove rodadas-, porém a prova já entrega não poucas emoções...

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Obra de arte de Anand em Wijk aan Zee


Se nos últimos tempos o jogo do campeão mundial, Viswanathan Anand (foto) não parecia inspirado, a sua produção no torneio de Wijk aan Zee, na Holanda, está empolgando a próprios e alheios. Depois das primeiras quatro rodadas o mestre indiano é um dos líderes (junto com Magnus Carlsen e Sergey Karjakin), tendo mostrado nas últimas duas rodadas um xadrez de grande nível, que lhe sirveu para ganhar dos números 5 e 3 do mundo, Fabiano Caruana e Levon Aronian respetivamente.
A sua vitória contra o mestre armênio foi realmente impressiva. O campeão mundial, levando as pretas, escolheu um dos seus favoritos esquemas da Defesa Semieslava e introduz uma picante novidade (12...c5) que entregava o peão h7. Parece que a tomada com bispo teria sido ligeiramente melhor à feita por Aronian, porém igualmente as pretas teriam compensação nesse caso.
O esquema preto era, como se conheceu depois do jogo, parte da preparação de Anand para o seu match contra Boris Gelfand, celebrado no ano passado em Moscou. O mestre israelí não chegou ter esta posição, sendo então Aronian o primeiro em sofre-la.
As complicações chegaram ao seu punto máximo após 15...Bc5, onde o mal menor era a captura dessa peça (as pretas tinham ficado ligeiramente melhores com 16...Cxc5 17.h3 Dd4+ 18.Rh1 Cxd3), porém era muito difícil prever o lance que apareceu no tabuleiro depois do 16.Be2 de Aronian.
O movimento 16...Cde5!! é o tipo de lance que todos amamos fazer. Desde esse ponto, a posição branca está perdida, e ao final Aronian somente podia evitar o ataque de mate escolhendo ingressar em um final perdido com 23.Tf3. Uma grande partida de Anand.

Aronian,Levon (2802) - Anand,Viswanathan (2772)

75th Tata Steel GpA Wijk aan Zee NED (4.5), 15.01.2013


1.d4 d5 2.c4 c6 3.Cf3 Cf6 4.Cc3 e6 5.e3 Cbd7 6.Bd3 dxc4 7.Bxc4 b5 8.Bd3 Bd6 



9.0–0 0–0 10.Dc2 Bb7 11.a3 Tc8 12.Cg5 c5 



13.Cxh7 Cg4 14.f4 cxd4 15.exd4 Bc5! 



16.Be2 Cde5!! 



17.Bxg4 Bxd4+ 18.Rh1 Cxg4 19.Cxf8 f5 20.Cg6 Df6 21.h3 Dxg6 22.De2 Dh5 23.Dd3 Be3! 



Uma verdadeira obra de arte do campeão mundial 0–1

domingo, 13 de janeiro de 2013

Jantar de adesão à gestão Mascarenhas

 
No passado 11 de janeiro se realizou em instalações da pizzeria Graça da Vila, situada no bairro de Catete um jantar de adesão à gestão que Alberto Mascarenhas (na foto com a sua esposa Maria Goreti), que contou com a presença de umas cinquenta pessoas, todas referentes da atividade no estado de Rio de Janeiro.
A oportunidade foi propícia para apresentar a nova camiseta da institução, modelo polo de cor azul com os escudos bordados da federação estadual e da Confederação Brasileira de Xadrez (CBX). E também para entregar a taça Eficiência 2012 (Petropolis foi o ganhador dela) e a revelação 2012, o jovem Daniel Rangel.
Parabens Alberto pelo excelente trabalho realizado!

sábado, 12 de janeiro de 2013

Wijk aan Zee!

Karjakin foi um dos vencedores na primeira rodada
É o real Wimbledon do xadrez, a cita onde os melhores do mundo competem para determinar quem vai ficar com o prestigio de ter ganho a edição. Com um quadro de participantes de grande nível (categoria XX da FIDE, 2734 de elo médio), nesta oportunidade o torneio conta com o campeão mundial Viswanathan Anand e os números 1, 3, 5 e 6 do ranking mundial (Magnus Carlsen, Levon Aronian, Fabiano Caruana e Sergey Karjakin respetivamente) entre outras estrelas.
Na rodada de ontem, a primeira, Sergey Karjakin e Pentala Harikrishna tomaram a liderança, ao vencer a Hou Yifan e Anish Giri respetivamente. O grande duelo do dia foi Carlsen - Caruana, que acabou em empate após uma Inglesa.
Oferecemos o jogo Karjakin - Hou Yifan, com resumo dos comentários publicados na versão para assinantes de Xadrez Diário:


Karjakin,Sergey (2780) - Hou,Yifan (2603)

75th Tata Steel GpA Wijk aan Zee NED (1.7), 12.01.2013


[Notas do MI Luis Rodi]

1.e4 e6

 
Por coincidência, três das sete partidas nesta rodada inaugural aconteceram na defesa Francesa, que parece ter muitos torcedores nos últimos tempos nestes níveis
2.d4 d5 3.Cc3 Cf6 4.e5 Cfd7 5.f4 c5 6.Cf3 Be7!?
6...Cc6 7.Be3 e agora 7...cxd4 (como em Anand - Nakamura da mesma rodada), 7...a6, 7...Db6 ou 7...Be7 são alternativas mais populares. A última delas pode ser alcançada no seguinte lance das pretas a través do desenvolvimento do cavalo dama, mas a ex campeã mundial tem outro esquema na mente
7.Be3 b6


Considerando as limitações do bispo de casas brancas, em alguns cenários as pretas tentam a troca dessa peça -preferentemente pelo seu colega branco- desde a casa a6. Petrosian era um grande especialista neste tipo de esquemas, porém na posição concreta da nossa partida somente Morozevich o empregou -e sem sorte-. Obviamente Hou Yifan utiliza a ideia com intenção de surprender ao geralmente bem preparado Karjakin
8.Be2 Ba6 9.0–0 Bxe2 10.Cxe2
Apesar das pretas ter realizado seu plano estratégico (a troca dos bispos de casas claras) a posição não lhes favorece -pelo contrario, as brancas possivelmente já tenham uma ligeira vantagem-. isto é porque ainda elas estão atrasadas no seu desenvolvimento, ao tempo que a vantagem espacial das brancas assegura boas colocações para as peças desse lado
10...Cc6 11.c4!N


Uma forte ruptura, explorando o adiantamento em desenvolvimento. De acordo com Karjakin -que celebrou no dia do jogo seu 23o aniversário- Hou Yifan perdeu a força deste lance, após o qual as brancas estão claramente melhores. A menos crítica 11.c3 com antecedência, por exemplo no jogo Phiri - Sidding, Novi Sad ol 1990
11...dxc4 12.d5±
A continuação lógica do lance prévio, continuando com a política de abertura da posição
12...exd5 13.Dxd5 Cb4 14.Dxc4


Um olhar profundo da posição revela que o primeiro jogador possue uma grande vantagem aqui, com base nos seguintes elementos:
* domínio do centro, particularmente nas casas brancas e pela coluna d que pode se ocupar de forma imediata
* melhor desenvolvimento, representado pela falta de roque na posição preta, o que eventualmente pode levar a problemas ao rei desse lado
* a vantagem de espaço permite um melhor posicionamento das peças brancas
* estrutura mais flexível. No caso necessário, a aparente limitação do bispo branco pode-se corregir a través do avanço f5
14...b5!
Dentro das dificuldades que tem a sua posição, a chinesa procura criar algum contrajogo.
15.De4 Dc8 16.Cc3 Dc6 17.Dxc6 Cxc6 18.Cxb5 Tb8 19.Cc7+ Rd8 20.Cd5 Txb2 21.Tfd1


As brancas mantiveram a maior parte dos elementos considerados na avaliação que realizara no comentário ao lance 14 -espaço, peças melhor posicionadas (mais ativas e centralizadas)- e adicionaram outros, como a melhor estrutura ou a diferencia de segurança entre ambos os reis
21...Te8 22.Tac1! Txa2 23.Cd2!? g5? 24.Ce4 gxf4 25.Bxc5 Bxc5+ 26.Cxc5 Tg8 27.g3! fxg3


Agora é necessário avançar o peão h, deixando ao g3 das pretas trabalhando na segurança do rei branco...
28.h3?!
Por incrível que pareça, a escolha entre as duas possibilidades de avanço deste peão não é indiferente à sorte do jogo! As brancas mantém uma clara vantagem com o lance feito na partida, mas 28.h4! teria sido decisiva: 28...Cdxe5 29.Cb4+ Re8 (ou 29...Rc8 30.Cxa2 Cf3+ 31.Rg2 Cxh4+ 32.Rh3 Cf3 33.Cc3+-) 30.Cxa2 Cf3+ 31.Rg2 Cxh4+ 32.Rh3+- mostra a diferencia entre os dois lances do peão h: as brancas dispõem aqui da casa h3 para seu rei
28...Cdxe5 29.Cb4+ Re8
29...Re7 era necessária. Depois de 30.Cxa2 Cd4!? 31.Txd4 Cf3+ 32.Rg2 Cxd4 33.Te1+ a vantagem branca é clara mas as pretas ainda conservam alguns recursos defensivos-o seu rei está melhor colocado que na partida-
30.Cxa2


As brancas voltam ter vantagem decisiva, que esta vez vão manter até o final
30...Cf3+ 31.Rg2 Ch4+ 32.Rf1 Cf3 33.Ce4 g2+ 34.Rf2 g1D+ 35.Txg1 Txg1 36.Txc6!Ta1 37.Cf6+ Re7 38.Cc3 Ce5 39.Ccd5+ Rd8 40.Tc3! Ta2+ 41.Rg3 Td2 42.Rf4 Cg6+ 43.Rg5 Ce7 44.Cxe7 Rxe7 45.Te3+ Rd8 46.Ta3 Tg2+ 47.Cg4 h6+ 48.Rh4 f5 49.Cxh6 1–0



 


quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Um final interessante em Hastings


Alsina Leal,Daniel (2511) - Sulskis,Sarunas (2550)
88th Hastings Masters Hastings ENG (5.1), 01.01.2013


[Notas do MI Luis Rodi]


1.e4 e5 2.Cf3 Cc6 3.Bc4 Bc5 4.c3 Cf6 5.d4 exd4 6.e5 d5 7.Bb5 Ce4 8.cxd4 Bb4+ 9.Bd2 Cxd2 10.Cbxd2 Bd7 11.0–0 0–0 12.a3 Bxd2 13.Bxc6 Bxc6 14.Dxd2 a5 15.Tac1 Bd7 16.Dc3 c6 17.h3 Te8 18.Cd2 h5 19.Rh2 a4 20.f4 Bf5 21.Tf2 Ta5 22.Cf1 h4 23.Dd2 Tb5 24.Tc3 Be4 25.g3 hxg3+ 26.Cxg3 f5 27.exf6 Dxf6 28.f5 Tb3 29.Txb3 axb3 30.Te2 Tf8 31.Db4 Bc2 32.Dxb7 Dxd4 33.Dxc6 Bd1 34.De6+ Rh8 35.De5 Dxe5 36.Txe5 Td8 37.Rg1 Rg8 38.Rf2 Rf7 39.Re3 d4+ 40.Rd2 Bc2 41.h4 Bb1 42.Ce4 Bc2 43.Te6 Td5 44.Cg5+ Rf8 45.f6 gxf6 46.Txf6+ Re7 47.Tf4 Rd6 48.Cf3 Rc5 49.Tg4 Td6 50.h5 Bh7 51.Tg5+ Rb6 52.Ce5 Ra6 53.Cd3 Rb6 54.a4 Tf6 55.a5+ Rc6 56.Cb4+ Rd6 57.Td5+ Rc7 58.Txd4
 

O final que chamou a atenção do mestre fide Alberto Mascarenhas -ele realizou um comentário na rede destacando a técnica dos protagonistas- e que é demostrativo das qualidades do bispo na luta contra o cavalo neste tipo de posições. Objetivamente as brancas devem ganhar com seus dois peões a mais -sendo os dois livres-
58...Tf2+ 59.Rc3
59.Rc1 é o lance preferido em primeira instância pelo meu computador, porém depois de um tempo ele percebe que as coisas não são tão simples depois de 59...Th2 O lance feito por Alsina é mais natural desde o ponto de vista humano
59...Tf3+ 60.Rc4 Bg8+ 61.Rb5 Tf5+ 62.Ra4 Txh5

As brancas devolveram um peão, mas seu rei está agora relativamente seguro e com certeza o peão em b3 não vai ficar defendido toda a vida
63.Cd3
63.Ca6+!? pode ser o caminho mais consistente à vitória. Depois de 63...Rc6 (63...Rb7 64.Td6 Th4+ 65.Cb4 Rc7 66.Tc6+ Rd7 67.Tg6 Bd5 68.a6+-; 63...Rc8 64.Tb4 Bd5 65.Tb6 Th4+ 66.Cb4 Rc7 67.Ra3 Bc4 68.Ca6+ Rc8 69.Tb4 Tg4 70.Cc5+-) 64.Td8 Be6 65.Tb8 Th4+ 66.Ra3 Bc4 67.Tb6+ Rd5 68.Cc7+ Rc5 69.Ce6+ Bxe6 70.Txe6 Rb5 71.Te5+ as brancas têm boas chances de obter o ponto
63...Th2 64.Rb4 Td2 65.Tg4 Bd5
O final de torre é perdedor para as pretas - 65...Txd3 66.Txg8+- devido à fraqueza do peão b3
66.Tg3 Rc6 67.Tg6+
67.Ra4!?
67...Rc7 68.Rc3 Tc2+ 69.Rd4


69...Bg2?
As pretas perdem o peão agora. Mais resistência oferecem as alternativas 69...Bc4 e 69...Bc6. Em ambos os casos as possibilidades brancas são melhores, mas as pretas dispõem de recursos defensivos para erigir uma grande resistência
70.Tb6
Agora a posição branca é evidentemente ganha. Sulskis acha a única forma de criar problemas práticos, fazendo uso da cravada
70...Bf1 71.Txb3 Td2 72.Re3
Se bem que ainda não estraga nada, 72.Tc3+ Rb7 73.b4+- teria sido decisivo
72...Te2+ 73.Rf3
73.Rd4! voltando à posição prévia no caso de 73...Td2 (74.Tc3+) é o melhor lance, e se 73...Th2 74.Cf4 Th4 75.Re5+-
73...Td2
Uma possível alternativa é 73...Te8 74.Cc5 As brancas ganham com o plano de avanço do peão b, por exemplo após 74...Rc6 75.Ce4 Te7 76.Cc3 Rc5 77.Ca4+ Rd4 78.Tb4+ Rd5 79.Tb6 Rd4 80.b4+- Obvio que ganhar este tipo de posições não é simples e requer de técnica -um tributo à força defensiva do bispo-
74.Cf4 Ba6 75.Ce6+ Rc8 76.Cc5 Bf1 77.Re3 Tc2 78.Ce4 Bg2 



79.Tc3+?
Sem as torres no tabuleiro a posição é empate! Era necessária 79.Cc3+- após o qual a vitória branca é questão de tempo ( e certa técnica). A ideia central é liberar a torre da defesa do cavalo para poder avançar o peão b
79...Txc3+ 80.Cxc3
80.bxc3= não modifica o quadro de situação
80...Rb7=
O peão a está colocado de forma desafortunada (uma fileira trás e a posição seria ganha para o primeiro lado), pois permite as pretas construir um bloqueio pelas casas claras
81.Rd4 Rc6 82.Rc4 Bf1+ 83.Rb4 Bd3 84.Ca4 Bb5 85.Cb6 Be2 86.Cc4 Bf1 87.b3 Be2 88.Cd2 Rd5 89.Cb1 Rc6 90.Ca3 Ba6 91.Cc4 Rd5 92.Ce3+ Rc6 93.Cf5 Bd3 94.Cd4+ Rd5 95.Rc3 Bf1 96.b4 Bc4 



97.b5
97.Cc2 Be2 98.Ca3 Bf1 99.Rb3 (99.b5 Rc5=) 99...Be2 100.Ra4 Bd3 101.Cb5 Bc2+ 102.Ra3 Bd3=
97...Rc5 98.a6 Bd5 99.Rb2 Rb6 100.Ra3 Bc4
A queda dos peões brancos determina o empate ½–½

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

A solução do final

Dias trás apresentamos o seguinte final aos leitores:
Na siguiente posição, correspondente ao jogo entre os grandes mestres Gawain Jones e Daniel Alsina Leal (Hastings 2012), as pretas acabam de entregar sua torre por um avançado peão branco, e sua última chance de empate radica no peão livre, aparentemente bem apoiado pelo rei. No entanto, as brancas -que têm a vez de jogar- ainda podem vencer realizando uma sutil manobra. Pode você achar o caminho certo para a vitória?



 
A solução: Jones acertou com 85.Td8+ Re3 86.Tc8 (deste jeito a torre ganha um tempo valioso)  86...Rd4 87.Rd6 (87.Rd7 também ganha) 87...c4 88.Rc6! e as pretas abandonaram (1-0). É fácil ver que a manobra Rb5-b4 ganha o peão.

sábado, 5 de janeiro de 2013

Um final sutil

Na siguiente posição, correspondente ao jogo entre os grandes mestres Gawain Jones (foto) e Daniel Alsina Leal,  as pretas acabam de entregar sua torre por um avançado peão branco, e sua última chance de empate radica no peão livre, aparentemente bem apoiado pelo rei. No entanto, as brancas -que têm a vez de jogar- ainda podem vencer realizando uma sutil manobra. Pode você achar o caminho certo para a vitória?
A solução será publicada nesta segunda feira.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Solução ao teste da semana


Gu Xiaobing (2209) - Prosviriakov,V (2293)88th Hastings Masters Hastings ENG (6), 02.01.2013




As pretas acabam de oferecer a troca de damas, convidando a ingressar ao final de peões. Você, levando as brancas, aceita o convite ou mantém as damas no tabuleiro?

Solução:

54.Dxf6+!

Aceita, claro! O final de peões é ganhador para o primeiro lado; 54.Dxb5? Dh4+ 55.Rg1 De1+=; 54.Dd5+!? De6 55.Df3+ Rg8 com chances recíprocas
 
54...Rxf6 55.g4
 
Única porém suficiente. Os peões brancos chegam promover antes que seus colegas pretos
 
55...b4
 
55...Re6 deixa ao rei fora do quadrado do peão h: 56.g5 Rxd6 57.h6 gxh6 58.gxh6+-; 55...a4 56.g5+ (56.d7? Re7 57.g5 a3 58.h6 gxh6 59.g6 a2 60.d8D+ Rxd8 61.g7 a1D 62.g8D+ Re7-+) 56...Re6 57.h6+-

56.g5+!

56.d7? Re7 57.g5 b3 58.h6 gxh6 59.d8D+ Rxd8 60.gxh6 b2 61.h7 b1D 62.h8D+ Rd7 63.Dd4+=

56...Re6 57.h6 b3 58.hxg7

As brancas promovem com xeque e dão um rápido mate 1–0

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Relatório de Bento, base para o futuro

Escreve o MI Luis Rodi

Há pessoas que são fundamentais na engrenagem de toda grande empresa humana, e no marco de xadrez brasileiro o árbitro internacional Antônio Bento (foto) é uma delas, transcendendo seu nível como professional –e um dos poucos árbitros no continente que mereceu a categoria A da FIDE- para demonstrar uma e outra vez a sua capacidade técnica e humana até nos campos onde não é obrigatório o conhecimento que ele exibe. Bento é um dos poucos árbitros que conheço que ainda tenta melhorar seu conhecimento do jogo para poder se situar na pele dos enxadristas na hora de tomar uma decisão, e talvez o único que antes da FIDE modificar alguma regra consulta com os enxadristas o parecer para formar uma opinião acerca de como repercutirá na prática tal ou qual mudança nos artigos.
A sua capacidade de trabalho é enorme; por isso não me surpreendi quando pude ler o relatório que, no seu caráter de Vice Presidente Técnico da Confederação Brasileira de Xadrez (CBX) realizou e que a instituição publica no seu site.

http://www.cbx.org.br/files/downloads/Relat%C3%B3rio%20VPT%202012.pdf
Não vou reproduzir ele aqui, propositadamente (porque vale a pena que o leitor acesse o link e leia com atenção o trabalho), porém sim desejo fazer menção a algumas resultantes do trabalho publicado:

·         É evidente nos últimos anos um crescimento notável na quantidade de torneios, cursos e seminários de arbitragem. Em parte reflexa a maior democratização da FIDE, que facilitou as regulações com relação ao cômputo do rating elo, porém também, e isso é evidente, a popularidade que o xadrez competitivo ganhou no Brasil, concedendo –ao existir mais torneios- maiores oportunidades aos que desejam progredir no conhecimento do antigo jogo.

·         Um credo comum tem a ver com a suposta realização de mais torneios válidos para o elo FIDE durante o segundo semestre do ano. Obviamente isto tinha razão de ser, porém no ano 2012 a tendência se reverteu e aconteceu que a maioria dos torneios foram realizados no primeiro semestre: 152 contra 91 (a título comparativo, foram 80 e 104 no 2011 e 68 e 73 no 2010).

·         Na distribuição geográfica dos torneios, cabe destacar a forte presencia do Nordeste. Somente contabilizando abertos do Brasil, seis foram realizados nessa região, sobre os 14 totais. O Nordeste e o Sudeste são as zonas geográficas com maior quantidade de provas no território nacional.

·         Quase 17,000 enxadristas participam ativamente das competências no Brasil, sendo que mais de 6400 tem ID FIDE e deles quase 3000 já aparecem no listado. Agora a CBX têm mais de 41.000 enxadristas com ID CBX e claro, muitas mais pessoas praticam o jogo de forma não federada.
Estes e outros dados que surgem do relatório são fundamentais para definir o trabalho a futuro do xadrez brasileiro: onde focalizar o trabalho, que fortalecer, que exemplos podem se tornar em modelos de desenvolvimento.

Teste da semana!

 
Gu Xiaobing (2209) - Prosviriakov,V (2293)

88th Hastings Masters Hastings ENG (6), 02.01.2013
 



As pretas acabam de oferecer a troca de damas, convidando a ingressar ao final de peões. Você, levando as brancas, aceita o convite ou mantém as damas no tabuleiro?
A solução será publicada na próxima sexta, 4 de janeiro