quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Domínio de Carlsen em Wijk aan Zee



Magnus Carlsen adicionou mais vitórias nas últimas duas rodadas para consolidar a sua liderança -os mais imediatos seguidores estão um ponto e meio abaixo-. A sua atuação é extraordinária; para achar exemplos comparáveis temos que citar Alekhine em San Remo 1930, o Fischer dos campeonatos estado-unidenses ou o Kasparov dos melhores tempos, quando a dúvida era somente quem ficaria com a segunda colocação. Parece difícil que com semelhante margem se lhe escape o primeiro lugar na cita holandesa, sobretudo porque o jogo por ele mostrado não permite sequer imaginar como isso seria possível.
O norueguês está em caminho de bater outro record de Kasparov, após ultra-passa-lo no rating elo: o Ogro de Bakú ganhou esta prova com 10/13 em 1999. Para alcançar esse resultado Carlsen precisa fazer dois pontos nos três jogos que restam, um cenário possível.
Tudo dito, vamos nos concentrar então nos grandes mestres que lutam pela segunda colocação, a qual compartilham realizadas dez rodadas. Eles são Viswanathan Anand, Levon Aronian e Hikaru Nakamura (foto).
O bom começo do campeão mundial parecia presagiar uma excelente atuação, sobretudo após a maravilhosa vitória contra Aronian. No entanto, uma sucessão de empates deixou Anand fora da luta pelo primeiro lugar (é que Carlsen está intratável) e, mais preocupante, longe de manter a boa impressão causada nas primeiras rodadas. O Anand dos últimos tempos parece ter perdido a motivação para lutar neste tipo de torneios, onde o excesso de empates lhe acaba privando das possibilidades de vencer. Isso, claro, não acontece nos matches -com o título de campeão mundial em jogo-, onde os empates têm um valor diferente. E ainda assim, a grande qualidade do seu jogo faz ele se destacar e permanecer nos primeiros lugares. O tigre de Madras pode cochilar, porém quando acorda com vontade de jogar é temível.
De Levon Aronian deve se destacar a grande recuperação que teve após um começo duvidoso e sofrer uma dura derrota -a citada contra Anand-. Seu xadrez parece simples, porém é de uma complexidade e beleza difíceis de apreciar para os não entendidos. Lances como o Bf3!! do seu jogo da rodada 10 contra Wang Hao fazem a diferencia -e são tão difíceis de prever como as entregas de Anand no jogo mencionado- e a sua grande técnica aparece quando os recursos prévios lhe outorgam a vantagem.
Hikaru Nakamura é o único que pode se atravessar no caminho de Carlsen, com quem se enfrenta -levando as pretas- na rodada 12. Como Aronian -em passant, seu adversário na rodada 11- o seu começo de torneio não foi brilhante, mas nos últimos dias foi recuperando posições até alcançar a segunda colocação. O importante deste processo é que a forma de obter bons resultados foi semelhante a exibida por Carlsen: zero preocupação pela abertura (isto é, sem jogar as linhas críticas dos esquemas de moda) e muito espírito de luta nas seguintes fases, ganhando os jogos desde posições equilibradas. Um exemplo recente disso é o seu jogo contra Caruana que, dito seja, parece não estar no seu melhor torneio.
Destaque final para Peter Leko, que vem mostrando seu tradicional jogo sólido com um plus de ambição que lhe permite se posicionar na quinta colocação junto com Sergey Karjakin.

O torneio B
A definição do torneio B está aberta, com cinco participantes com chances de vencer a prova e se transformar assim em sério candidato a participar da prova superior na próxima edição.
Os experimentados Sergey Movsesian e Arkady Naiditsch -os dois primeiros pré-classificados da prova- já têm muitos finais deste tipo nas suas costas. Ambos os mestres foram se consolidando com o correr das rodadas após começo regular. O mesmo pode-se dizer de Jan Smeets, o crédito local.
As revelações do torneio são os jovens Richard Rapport e Danil Dubov -que no 2012 surpreendeu apo se classificar à superfinal russa-. O húngaro teve um começo espetacular -5 em 6 com quatro vitórias consecutivas, entre elas sobre Tiviakov e Movsesian-, depois foi administrando mas sempre se manteve como um firme candidato. Dubov teve uma marcha mais regular mais sempre esteve nos primeiros lugares.
Decepcionaram Sergey Tiviakov e Roman Edouard. O primeiro teve um muito bom começo mas três derrotas consecutivas (!) o deixaram fora da luta pelo primeiro lugar. De forma semelhante ao veterano Jan Timman chegou compartilhar o primeiro lugar mas duas derrotas seguidas nas últimas rodadas relegaram ele.

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