quarta-feira, 20 de março de 2013

O stonewall de Peter Svidler


Dentre os jogos da quinta rodada -todos acabaram em empate mas depois de diversos acontecimentos- se destaca o protagonizado por Peter Svidler e Boris Gelfand, não somente pelo entretenimento que o desenvolvimento mas também pelo interesse teórico que teve.
O primeiro sucesso é a escolha da abertura. Gelfand, como vinha jogando com antecedência -por exemplo no seu match contra Anand em Moscou 2012- manteve a Grünfeld, apesar que Svidler é talvez o máximo especialista nessa defesa.
O grande mestre russo escolheu uma linha secundária (4.cxd5 Cxd5 5.Bd2) que em seu tempo foi uma das favoritas de Smyslov. Gelfand optou aqui por 5...Cb6, que é uma das linhas principais (como em outras oportunidades, ele não segue as linhas recomendadas por seu compatriota Boris Avrukh, autor do mais recente livro sobre a Grünfeld, que estipula 5...Bg7 como principal).
Em uma posição onde 6.Bg5, 6.Cf3 ou 6.Bf4 são as continuações mais populares, Svidler seguiu com a aparentemente menos crítica 6.e3, e depois de 6...Bg7 surpreendeu com 7.f4. A posição resultante lembra ao sistema Stonewall, sem o peão c que pode favorecer ao jogo do bispo de casas negras. A inovação deve ter sido uma desagradável novidade para Gelfand, que reagiu de forma imprecisa e saiu da abertura inferior.
Logo Svidler estava tentando o ataque com h4-h5. A sua política parece certa: um plano semelhante utilizou Anand para derrotar Gelfand em um dos raros jogos com decisão no match mencionado de Moscou. Um começo interessante para uma linha que com certeza vai achar seguidores.
No momento crítico, entretanto, imprecisões de Svidler lhe privaram da vantagem, e até teve que jogar muito exato no final para não ficar inferior.
Nos outros jogos também tivemos drama, reviravoltas, entregas e muita luta. Ivanchuk obrigou Carlsen jogar muito exato para não perder; Kramnik obteve uma vantagem clara ante Aronian porém não arrematou e no final de bispos de cor diferente o armênio salvou a roupa. Grischuk emergiu melhor no seu jogo contra Radjabov, porém este último entregou peça por dois peões livres e tudo se complicou.
Sem jogos definidos, a tabla de posições segue igual: 1-2. Carlsen, Aronian 3,5 pontos; 3.Svidler 3; 4-5. Kramnik, Radjabov 2,5; 6. Grischuk 2; 7-8. Ivanchuk, Gelfand 1,5
Na sexta rodada se destacam os encontros Svidler - Carlsen e Radjabov - Aronian. 

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