domingo, 31 de agosto de 2014

Grande vitória de Fier em Barcelona


Em grande atuação, o grande mestre brasileiro Alexandr Fier (f0to) venceu nessa cidade espanhola o tradicional open de Sants, com 8½ pontos sobre 10. Fier continua assim a tendência positiva evidenciada já na passada olimpíada de Tromso, quando realizou uma boa atuação. Foi a 16a edição desse aberto, que nesta oportunidade contou com 351 participantes

Principais posições
1. A. Fier 8½; 2-6. M. Kraemer, D. Alsina Leal, S. Bogner, D. Vocaturo, S. Bromberger 8; 7-18. C. Sandipan, Q. Ducarmon, L. Perpinya, E. Blomqvist, L. Aroshidze, P. Lyrberg, H. Oliva, F. Libiszewski, J. Granda Zuñiga, S. Collins, C. Cruz 7½; etc.

Fier,A (2570) - Schroeder,J (2367) 
Barcelona ESP (9.2), 30.08.2014
1.d4 d5 2.c4 e6 3.Cc3 Be7 4.cxd5 exd5 5.Bf4 c6 6.e3 Bd6 7.Bxd6 Dxd6 8.Bd3 Cf6 9.h3 b6 10.Cf3 Ba6 11.Bxa6 Cxa6 12.Da4 Cb8 13.0–0 0–0 14.b4 Cbd7 15.b5 Tfc8 16.Tac1 c5 17.dxc5 Cxc5 18.Db4 Cce4 19.Db2 Tc4 20.Cxe4 Cxe4 21.Tfd1 Dc5 22.Txc4 dxc4 23.Dd4 Dxd4 24.Txd4 Cc3 25.Txc4 Cxb5 26.Tc6 Td8 27.a4 Cd6 28.Cd4 Rf8 29.Tc7 a5 30.Tc6 Cc8 31.Rf1 h5 32.Re2 Re8 33.Cb5 Re7 34.Tc7+ Rf6 35.Cd4 g6 


36.f4 Te8 37.Rd3 Rg7 38.e4 Cd6 39.e5 Cf5 40.Cxf5+ gxf5 41.Rc4 Te6 42.Rb5 Tg6 43.Tc2 h4 44.Ra6 Te6 45.Td2 Tc6 46.Rb5 Tg6 47.Tb2 Te6 48.Tc2 Tg6 49.Te2 Te6 50.Tb2 Th6 51.Ra6 Tg6 52.e6 Txe6 53.Txb6 Te4 54.Rxa5 Txf4 55.Tb2 Te4 56.Rb5 Te5+ 57.Rc6 Te6+ 58.Rd5 Rf6 59.Ta2 f4 60.a5 1–0

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Carlsen pode seguir os passos de Fischer


A FIDE estabeleceu como data limite a do próximo dia 31 de agosto para que o contrato relativo ao match pelo campeonato mundial entre Magnus Carlsen e Viswanathan Anand seja assinado. O problema é que o atual titular, que solicitou e não obteve um adiamento do início do duelo, ainda não assinou, e não há certeza de quais vão ser seus passos.
O match está estabelecido para se disputar no mês de novembro, na cidade russa de Sochi. Anand já assinou o contrato, porém Carlsen pode seguir os passos do genial e polêmico Bobby Fischer e ser o segundo campeão mundial que perde o título sem jogar.
Ontem foi consultado pelos jornalistas acerca da assinatura do contrato, se registrando o seguinte diálogo:
- Vai assinar o contrato amanha?
- Vamos falar disso depois...
- Quando?
- Preferivelmente depois do torneio (a taça Sinquefield, que finaliza o dia 7 de setembro).
Enquanto o manager de Carlsen, Espen Agdestein, solicitou a FIDE um prazo para a resposta até justamente o dia 7, quando finaliza o torneio de Saint Louis onde participa o campeão, a FIDE ainda confirma que respeitará a data limite e inclusive já tem previsto um participante para o duelo no caso de Carlsen não assinar o contrato: Sergey Karjakin, por ter finalizado segundo no torneio Candidatura.
As declarações de Carlsen e seus colaboradores não permitem entrever alguma informação acerca da decisão que finalmente vai tomar o norueguense, porém o tono delas certamente não parece alentador. 
Ante este quadro, o presidente da Associação de profissionais de xadrez (ACP), Emil Sutovsky, escreveu uma carta aberta ao presidente da FIDE, Kirsan Ilyumzhinov, manifestando a sua preocupação: "Solicito que faça tudo o possível em ordem de resolver este desentendimento e não deixar que o mundo do xadrez se divida, como o esteve no passado recente". Certamente, se espera uma atitude responsável da FIDE, porém também de Carlsen e até de outros atores como Garri Kasparov, recente desafiante de Ilyumzhinov na presidência da entidade mundial, e que poderia emitir uma mensagem de conciliação no caso de desejar colaborar com sinceridade na solução do impasse.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Caruana começa ganhando em supertorneio de Saint Louis

Depois do balde de água gelada para aderir à campanha para angariar fundos para combater a doença esclerose múltipla, Fabiano Caruana começou a prova ganhando um jogo importante ante Topalov
A Segunda edição da Taça Sinquefield tem lugar nessa cidade, com participação de seis consagrados mestres, todos entre os dez primeiros do ranking mundial, incluindo ao campeão mundial Magnus Carlsen e ao número 2 Levon Aronian. A prova se estende até o próximo dia 7 de setembro, se realizando pelo sistema round robin a dupla volta. Alcança a categoria XXIII da FIDE (2802 de elo médio), o que transforma a competição em uma das mais fortes de todos os tempos.
Já na primeira rodada o italiano Fabiano Caruana pega a liderança após vencer, levando as peças pretas, ao ex-campeão mundial Veselin Topalov. Dois interessantes empates -uma luta posicional entre Levon Aronian e Hikaru Nakamura e um complexo cenário com tática envolvida entre Maxime Vachier-Lagrave e Magnus Carlsen- completaram a jornada.

sábado, 16 de agosto de 2014

Balanço geral da Olimpíada


China obteve uma vitória histórica nesta 41a olimpíada de xadrez celebrada na cidade norueguesa de Tromso. É um logro inédito, considerando que nos fins dos anos sessenta o xadrez estava proibido nesse país (o governo de Mao-tse-tung o considerava demasiado ocidental). A metade da década seguinte China se afiliou á FIDE e lançou um ambicioso projeto denominado Grande Dragão que levou ao país a um notável crescimento, primeiro evidenciado na categoria feminina (com campeãs mundiais desde os anos noventa) e agora também no absoluto, com esta conquista olímpica.
Com dois grandes mestres com mais de 2700 elo (Wang Yue e Ding Liren), dois com mais de 2650 (Yu Yangyi e Ni Hua) e a jovem estrela Wei Yi, o time chinês venceu em oito encontros e empatou três, perdendo somente uma partida em todo o percorrido pela prova (Peter Leko derrotou a Wang Yue no primeiro tabuleiro do match que os chineses ganharam de Hungria pela mínima diferencia). Momentos decisivos: a vitória na rodada 8 frente ao então líder da prova, Azerbaidjão, e a vitória pela mínima diferencia ante França na penúltima rodada, quando os galos tinham alcançado na liderança aos chineses.
China soube pegar no momento certo e ganhar os duelos que tinha que ganhar. Foi a equipe mais regular, e obteve o ouro de forma merecida.
A prata foi para Hungria, que misturou no time enxadristas de grande experiência  -como Peter Leko, Zoltan Almasi ou Judit Polgar, que anunciou o seu retiro do xadrez competitivo- com as novas estrelas como Richard Rapport ou Csaba Balogh. Para o xadrez húngaro -que tinha vencido a olimpíada de Buenos Aires 1978- um resultado importante.
Assim como a China, outro gigante asiático mostrou sua força em Tromso: me referro ao time da Índia, que com uma formação jovem e sem Anand pode obter a prata.
Relegado ao quarto lugar ficou o primeiro pré-classificado da prova, Rússia. Alguns cronistas consideraram um fracasso esta atuação -e sem dúvidas uma nova frustração depois de varias olimpíadas sem acessar o ouro-, mas também pode ser visto como uma prova do parelho que está o xadrez no nível magistral, com figuras aparecendo aqui é lá. Também se esperava mais de Ucrânia e fundamentalmente de Armênia, que defendia o ouro logrado em Istambul 2012. Outro time que ficou em dívida, por ser local e porque a sua pre-classificação era melhor, foi Noruega. Nem sequer a presencia do campeão mundial Magnus Carlsen ajudou aos nórdicos a aparecer entre os primeiros lugares; o prodígio decidiu esconder a preparação do olhar curioso de seu desafiante Anand e empregou linhas de segunda ordem, coletando duas derrotas, ante Naiditsch e Saric. Carlsen segue em dívida no que faz a atuações olímpicas, porém há que entender que dada a pré-classificação de Noruega, os adversários nem sempre são fonte de motivação -e também, não existe material preparado sobre eles como sem dúvida a equipe do campeão deve ter dos seus principais adversários-.
No que faz ao xadrez latino-americano, era previsível dado o desenvolvimento da prova que Cuba e Estados Unidos obtenham bons resultados -o sétimo lugar dos caribenhos merece destaque-, porém também tiveram boas atuações os times de Argentina e Perú (que finalizaram com os mesmos pontos que Brasil).
Dentro do mundo lusofalante, Brasil é o cômodo líder, mas também há que destacar a boa atuação de Portugal, que finalizou na 58a posição após ser o pré-classificado 75. Angola ficou na colocação 103, perto da sua pré-classificação, Moçambique no 126o lugar, algo menos do esperado.
Do torneio em se, pode-se indicar que este bem organizado, com uma sala de jogo ampla e uma cobertura no site oficial ótima (a melhor dos últimos tempos). 
O ponto lamentável foi a morte de dois enxadristas, um deles na sala de jogo e durante a sua partida: Kurt Meier, de Seychelles, na última rodada, devido a um ataque cardíaco. Horas depois, apareceu morto na sua habitação de hotel o representante do time ICCD (organização que agrupa aos deficientes auditivos), o uzbeco Alisher Anarkulov.
A Olimpíada também vai ser lembrada por ter acontecido em forma simultânea ao congresso da FIDE onde Kirsan Ilyumzhinov reteve a presidência da entidade ao derrotar em forma ampla ao seu adversário Garri Kasparov.
A maior polêmica foi a que envolveu, antes do inicio da prova, à equipe feminina russa, que foi eliminada pela organização por não apresentar o listado em tempo -Rússia tomou os dias esperando uma definição na transferência de Kateryna Lagno, ex representante de Ucrânia-. O presidente Ilyumzhinov defendeu a posição russa, e depois de dias de tensão os organizadores voltaram trás a decisão, permitindo a participação do time que finalmente conquistara o ouro.


Rússia venceu a prova feminina de forma merecida, derrotando no match decisivo a China com vitória de Lagno sobre a campeã mundial Hou Yifan -com esto, penso, Kateryna começa a pagar os 20.000 euros que Rússia teve que pagar como compensação-. A queda na penúltima rodada contra Ucrânia não foi aproveitada pela China, que finalizou na segunda colocação, compartilhada com Ucrânia.
Pelo geral, a prova feminina não apresenta as surpresas que acontecem no torneio absoluto, e as favoritas se distanciam muito do resto dos países competidores. As primeiras equipes pré-classificadas ocupam os primeiros lugares, pelo qual se pode destacar a atuação do time de Cazaquistão, que finalizou na sexta colocação quando estava pré-classificado 17, com os mesmos pontos que Geórgia -uma potencia do xadrez feminino que acabou na quarta colocação-.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

O balanço de Brasil

A equipe absoluta, em jantar com o Embaixador de Brasil em Noruega
A participação de Brasil na Olimpíada de xadrez realizada em Tromso, Noruega, pode ser qualificada como um sucesso, desde que ambas as equipes (absoluta e feminina) obtiveram melhoras na sua pré-classificação em ambos os torneios.
O time absoluto tinha ingressado como pré-classificado 30 e finalizou na 22a posição -compartilhando a 12a-, no que é uma das melhores atuações brasileira na história desde a dissolução da União Soviética.
Patra ter uma dimensão do que isto significa, há que apontar que Brasil obteve a mesma quantidade de pontos que potencias como Holanda, França, Estados Unidos, Polônia ou Sérvia. Também se obtiveram os mesmos pontos que na edição 2010, celebrada em Khanty Mansiysk (Rússia), onde Brasil finalizou na 17a colocação.
A atuação de Brasil, rodada por rodada, foi a seguinte:

Rod. Adversário Placar
1 Trinidad & Tobago 4-0
2 Bolívia 3½-½
3 Uzbequistão ½-3½
4 Nigéria 4-0
5 Indonésia 1½-2½
6 Coreia do Sul 4-0
7 Letônia 2½-1½
8 Holanda ½-3½
9 Canadá 3½-½
10. Eslováquia 2½-1½
11. România 2-2

Depois de um começo com vitórias amplas, a derrota ante Uzbequistão -que também tinha derrotado ao Brasil em Istambul 2012- parece ter sido de difícil absorção, como parece mostrar, depois do intervalo que significou Nigéria, a não esperada derrota ante Indonésia. Após esta quinta rodada, Brasil chegava ao dia livre com algumas dúvidas, e se temia que uma sequência vitória ante equipes fracas seguida de derrota ante fortes fosse a estragar o torneio. No entanto, esse dia livre chegou no momento certo, e a segunda fase da prova mostrou uma recuperação muito boa da equipe, com uma vitória simples ante Coreia do Sul e outra bem mais importante e motivadora ante a Letônia de Alexey Shirov. Nessa circunstância se enfrenta a Holanda, que resultou um adversário mais que difícil e venceu com justiça, mas em vez de cair, o time juntou forças e teve uma notável recuperação, vencendo encontros difíceis ante Ca-nadá e Eslováquia, e fechando a sua participação com um empate ante România, outra equipe consolidada e com um histórico respeitável nas olimpíadas.
A atuação individual dos representantes brasileiros foi a seguinte:

* Rafael Leitão, 3½ em 8 (+1 = 5 -2)
* Alexandr Fier, 7 em 10 (+6 =2 -2)
* Krikor Mekhitarian, 6½ em 10 (+5 = 3 -2)
* Gilberto Milos, 6 em 8 (+5 =2 -1)
* Felipe El Debs, 5½ em 8 (+4 =3 -1)

No geral, todos os mestres realizaram uma tarefa boa. Observando os resultados, talvez Leitão pode ter feito algum ponto a mais ou não esteve no seu melhor torneio, mas há que considerar que o primeiro tabuleiro não é fácil neste tipo de provas: pega rival duro, e só rival duro. No caso do campeão brasileiro, teve que enfrentar a verdadeiros monstros como o ex campeão mundial Rustam Kasimdzhanov ou os candidatos ao título Alexey Shirov e Anish Giri. No segundo tabuleiro, Alexandr Fier se mostrou recuperado depois de uma atuação não tão convincente em Istambul, e também Krikor Mekhitarian aportou uma boa quantidade de pontos. Na primeira parte do torneio, quando o começo não tinha sido tão bom, Gilberto Milos foi destaque, mantendo nos tempos bons entre as rodadas 6 e 11 a sua regularidade. Felipe El Debs foi o único dentre os brasileiros que apareceu entre os vinte melhores na sua categoria -tabuleiro reserva, ganhada brilhantemente pelo estadunidense Samuel Shankland com 9 em 10- e aportou a sua tradicional solidez somada a boas vitórias.

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WIM Juliana Terao: boa atuação
A equipe feminina brasileira ingressou como pré-classificada 50 e finalizou na posição 44, o que também pode ser considerado um sucesso, desde que se melhora a colocação com relação às últimas três olimpíadas, onde finalizou na posição 58 (Istambul 2012), 70 (Khanty Mansiysk 2010) e 48 (Dresde 2008).
A atuação de Brasil, rodada por rodada, foi a seguinte:

Rod. Adversário Placar
1 Aruba 4-0
2 Rússia 0-4
3 Luxemburgo 2½-1½
4 România 1-3
5 Uzbequistão ½-3½
6 IBCA 2½-1½
7 Sri Lanka 3-1
8 Equador 2½-1½
9 Azerbaidjão ½-3½
10 Inglaterra 2-2
11 Moldávia 2½-1½

Como aconteceu com a equipe absoluta, a feminina foi de menos a mais, com uma recuperação boa na segunda parte do torneio que levou, depois de duras derrotas ante as repúblicas ex-URSS, a um valioso empate ante Inglaterra e vitória final ante Moldávia. No entanto, e diferente do time absoluto, há muito por fazer para tentar uma atuação que as posiciones mais perto das equipes que lutam pelos primeiros vinte ou trinta lugares.
A atuação individual das representantes brasileiras foi a seguinte:

* Vanessa Feliciano, 7 em 11 (+5 =4 -2)
* Juliana Terao, 6 em 10 (+5 =2 -3)
* Joara Chaves, 5 em 8 (+4 =2 -2)
* Regina Ribeiro, 1½ em 8 (+1 =1 -6)
* Suzana Chang, 1½ em 7 (=2 -4)

Como está sendo costume, Vanessa Feliciano (esteve perto de obter título de WGM) e Juliana Terao foram as principais aportantes de pontos, se somando nesta oportunidade a wim Joara Chaves, que teve uma atuação de destaque e aportou o ponto decisivo ante Moldávia.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Brasil finaliza olimpíada com sucesso


Brasil finalizou a Olimpíada com um empate ante România no absoluto e uma importante vitória ante Moldávia na prova feminina, melhorando a sua pré-classificação em ambos os torneios.
O duelo contra România no absoluto se apresentava parelho, e os acontecimentos nos tabuleiros deram razão as estatísticas prévias: foram quatro empates que deixaram ao time brasileiro na colocação 22, uma das melhores de toda a história olímpica. Nesta rodada Brasil formou com Rafael Leitão, Alexandr Fier (foto), Krikor Mekhitarian e Gilberto Milos, descansando Felipe El Debs,
China obteve a sua primeira medalha de ouro na categoria absoluta, um fato histórico considerando que a fins dos anos sessenta o xadrez estava proibido nesse país. Hungria, com uma equipe que mistura juventude e experiência ficou em segundo lugar, enquanto Índia obteve o bronze. No match decisivo, China venceu a Polônia 3x1.
A vitória brasileira na categoria feminina permitiu à equipe melhorar a sua pré-classificação, obtendo uma meritória 44a posição na geral. Como esperado, o match contra Moldávia foi equilibrado, resultando em três empates e uma vitória de Joara Chaves -que teve uma boa atuação em Tromso-.
A prova feminina foi convincentemente ganha pela equipe de Rússia -que chegou a estar fora da competição por não apresentar a equipe antes da data limite da organização e foi objeto de atuações judiciais-, que venceu na úl-tima rodada a Bulgária pela mínima diferencia. No geral, o time russo contou com muito boas atuações de Valentina Gunina e Alexandra Kosteniuk, e destaque para a vitória de Kateryna Lagno ante Hou Yifan no match decisivo ante China. A prata foi para China, que empatou no duelo da última rodada -e também nas posições, devendo apelar ao sistema desempate- com a Ucrânia das irmãs Muzychuk.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Brasil, ante uma oportunidade histórica


O Brasil está ante uma oportunidade histórica: se vence a România, no duelo pela rodada 11 da Olimpíada, consegue a melhor atuação de todos os tempos, se posicionando entre os quinze melhores times do mundo.
Quais são as chances? Bem, 50% e 50%. A equipe da România têm um elo médio muito semelhante ao brasileiro, perdeu Nisipeanu que era sua melhor carta (o grande mestre joga agora pela Alemanha), mas ainda conta com grandes mestres de nível como Lupulescu ou Parligras, que levam 6 em 10. Se prevê um duelo duro: no torneio, România sempre esteve lutando nas mesas de acima. Alguns resultados: 3x1 ante Eslováquia, derrota pela mínima ante Bulgária, 3x1 ante Bielorrússia, empates ante República Tcheca e Azerbaidjão... 
Entretanto, para Brasil, que está ante um objetivo inédito, o fato representa uma motivação extra, e deve ajudar. A equipe teve uma segunda parte da prova muito boa, se recuperando do começo algo impreciso e com destaques como as vitórias ante Canadá e Eslováquia.
O resultado individual dos representantes brasileiros, até o momento, é:

* Rafael Leitão, 3 em 7 (+1 = 4 -2)
* Alexandr Fier, 6½ em 9 (+6 =1 -2)
* Krikor Mekhitarian, 6 em 9 (+5 = 2 -2)
* Gilberto Milos (foto), 5½ em 7 (+5 =1 -1)
* Felipe El Debs, 5½ em 8 (+4 =3 -1)

Alexandr Fier está agora no lugar do melhor artilheiro do time, com meio ponto a mais que Krikor Mekhitarian, também de boa tarefa em Noruega.
Na rodada 11 descansa El Debs, pelo qual os enfrentamentos vão ser: Lupulescu - Leitão, Fier - Parligras, Jianu - Mekhitarian e Milos - Nevednichy.

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Também histórica é a liderança de China (foto, abaixo), que por primeira vez mostra a sua força no torneio absoluto e tem excelentes chances de vencer. O duelo da última rodada contra Polônia é de prognóstico algo melhor para a equipe oriental, mais que nada pela irregularidade mostrada pelo time europeu.


Apesar da longa tradição histórica do xadrez na China -remontada séculos trás-, o jogo ciência sempre teve que concorrer nesse país com a versão mais popular do xiangqi (xadrez chinês). A federação nacional foi iniciada somente em 1962, como um departamento da associação de xiangqi. Por esses anos foram organizados duelos contra a então potencia mundial do xadrez, a União Soviética, que finalizaram com a vitória desta última. No entanto, a revolução iniciada por Mao Tse Tung proibiu a prática do xadrez, e somente no ano 1976, com a morte do líder, a China ingressou na FIDE e foi desenvolvido um ambicioso projeto, chamado de Grande Dragão para fomentar a prática no país. Na olimpíada de Buenos Aires 1978 um enxadrista chinês venceu pela primeira vez a um grande mestre (e em grande estilo! Procure o jogo Liu Wenzhe - Donner dessa prova). O primeiro grande mestre foi Ye Rongguang no ano 1990, e já no 2000 tinham um enxadrista com mais de 2600 elo (Ye Jiangchuan). Tomou apenas sete anos para obter um que ultrapasse os 2700 (Wang Yue).
No entanto, o crescimento no xadrez feminino se mostrava mais, com campeãs mundiais como Xie Jun (1991-1996 e 1999-2001), Zhu Chen (2001-2004),Xu Yuhua (2004-2006) e o novo prodígio Hou Yifan (atual titular). O xadrez masculino, apesar dos progressos, ainda parece estar longe de obter um título mundial, mas um ouro na Olimpíada pode ser um bom começo, ou ao menos outro logro para um dragão que parece cada dia mais grande.

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A atuação da equipe feminina brasileira foi, na fase das rodadas 5-10, muito melhor que a primeira, com o time mostrando recuperação e determinação que a levaram a se colocar em posições mais acorde com a sua pré-classificação original (50). Na última rodada enfrenta a Moldávia, a pré-classificada 44, no que supõe um encontro difícil mas que pode ser equilibrado: enquanto as duas primeiras desse time estão realizando uma boa atuação, o ponto fraco delas está nos últimos tabuleiros. O mesmo diagnóstico pode ser feito para o time brasileiro, pelo qual match pode ser imprevisível. Os encontros: Baciu - Feliciano, Terao - Petrenko, Partac - Chaves e Chang - Hincu.
A atuação individual das brasileiras, até o momento, é:

* Vanessa Feliciano (foto), 6½ em 10 (+5 =3 -2)
* Juliana Terao, 5½ em 9 (+5 =1 -3)
* Joara Chaves, 4 em 7 (+3 =2 -2)
* Regina Ribeiro, 1½ em 8 (+1 =1 -6)
* Suzana Chang, 1 em 6 (=2 -4)

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Antes da rodada 10 a prova parecia se encaminhar a uma vitória simples para a forte equipe de Rússia, que tinha vencido o match decisivo ante China. Porém nessa penúltima jornada, a equipe líder foi surpreendida e derrotada pela Ucrânia, deixando os primeiros pontos no caminho. Era a grande oportunidade para China, porém a equipe liderada por Hou Yifan não pode passar do empate ante Espanha e agora, com um ponto a menos que Rússia (ao igual que Ucrânia) deve esperar por um improvável novo tropeço das líderes, que enfrentam a Bulgária.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Brasil vence a Eslováquia e ascende posições


Os resultados obtidos pelo Brasil na rodada dez valem seu peso em ouro. A equipe absoluta venceu a Eslováquia e compartilha a 11a colocação, a falta de uma rodada que pode oferecer um resultado histórico para o xadrez brasileiro. E a equipe feminina logrou um meritório empate ante a forte seleção da Inglaterra, redondeando uma jornada muito boa.
Na prova absoluta, a vitória de Alexandr Fier -com as peças pretas- sobre Ftacnik foi decisiva para o triunfo final, considerando que nos outros tabuleiros as batalhas acabaram na divisão do ponto. Krikor Mekhitarian, também levando as pretas, obteve um empate cômodo, porém Rafael Leitão (foto) e Felipe El Debs tiveram que defender ferreamente posições inferiores -e até perdida no segundo dos casos-.
A falta de uma rodada, China é líder isolada da prova, após vencer a França pela mínima diferencia (vitória de Yu Yangyi sobre Fressinet). Hungria está a um ponto após uma nova vitória, esta vez ante România. A novidade do dia foi a nova derrota de Magnus Carlsen, esta vez ante o melhor enxadrista croata atual, Ivan Saric.
No torneio feminino, o empate brasileiro se sustentou na vitória de Juliana Terao -que parece ter recuperado seu nível- e os empates de Vanessa Feliciano -ante Jovanka Houska, 2401 elo- e Joara Chaves -teve que defender um longo final de torre contra torre e cavalo da adversária-. Regina Ribeiro ficou inferior desde a abertura e a sua adversária ainda achou um arremate com base no melhor desenvolvimento e a exposição do rei da brasileira.
Até o momento esta prova era um passeio para a equipe russa, que tinha vencido todos seus duelos, porém a derrota de hoje ante Ucrânia deixa ainda aberto o final. Rússia ainda lidera com um ponto de vantagem sobre suas vencedoras e China.
Na rodada 11, Brasil enfrenta a România no absoluto e Moldávia no feminino.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Importante vitória ante Canadá


Uma vitória e uma derrota, amplas as duas, foi o saldo da rodada nona para o Brasil.
A equipe absoluta, em boa atuação, obteve uma vitória fundamental ante Canadá, a priori uma equipe dura e com enxadristas de nível semelhante ao brasileiro.
No primeiro tabuleiro o adversário de Rafael Leitão, Anton Kovalyov, amagou com jogar uma Índia de Dama para transpor logo a um esquema eslavo no qual possui uma grande experiência. Em certo ponto ganhou a iniciativa, forçando ao grande mestre brasileiro a defender com precisão, levando a partida ao empate.
Alexandr Fier tomou riscos de acordo com seu estilo, sacrificando uma qualidade por alguns elementos compensa-tórios (um cavalo bem centralizado, chances de iniciativa na ala de dama) que podiam não ser suficientes mas acabaram confundindo ao seu adversário, que possivelmente em apuro de tempo foi realizando imprecisões que o deixaram perdido.
No tabuleiro 3, Krikor Mekhitarian (foto) protagonizou uma longa partida estratégica ante o grande mestre Sambuev, obtendo a melhor parte de um final aproximadamente igual. No entanto, a sua visão desse final foi melhor e após algumas imprecisões do adversário ganhou uma vantagem decisiva que concretizou em boa forma.
A partida de Felipe El Debs foi rara. Se as bases de dados estão certas, em certo momento ele perdia em um lance (depois do seu movimento 18). Seu adversário perdeu a chance e tudo voltou à normalidade. Mas depois uma tentativa de iniciativa branca acabou em um desastre posicional, com as peças pretas invadindo de forma decisiva.
Em resumo, um excelente resultado de Brasil, que volta a posições de expectativa.
O empate de China com Ucrânia na mesa 1 permite á equipe de França alcançar a liderança. Os galos venceram de República Tcheca pela mínima diferencia. Em uma jornada com muitos empates nas principais mesas, têm mais valor os triunfos de Hungria sobre Israel e Bulgária sobre Cuba.
A derrota de Brasil ante Azerbaidjão no feminino não foi uma surpresa dada as diferencias de elo, mas sempre um placar amplo causa tristeza. Ontem, unicamente Juliana Terao obteve um empate, enquanto nos outros três tabuleiros o resultado foi vitorioso para as adversárias.
A equipe absoluta enfrenta pela rodada 10 a Eslováquia, uma equipe cuja pré-classificação é algo inferior ao do time brasileiro, e que levam cinco vitórias, dois empates e duas derrotas nesta prova. O meu palpite, considerando que até o momento este time (formado por quatro grandes mestres e um mestre internacional) não enfrentou a um dos adversários da elite, é que Brasil pode ter sucesso e lograr uma vitória que seria mais que vital para as posições finais.
A equipe feminina, entretanto, procura a sua recuperação enfrentando a Inglaterra, em match que se adivinha difícil.

Kirsan Ilyumzhinov mantem a presidência da FIDE




O 85o. Congresso da FIDE teve lugar hoje, em horas da manhã e de forma paralela à rodada da Olimpíada que se realiza em Tromso, Noruega. 
A agenda teve como principal acontecimento a reeleição de Kirsan Ilyumzhinov por mais um período ao frente da entidade, após uma votação na qual o titular da FIDE derrotou ao seu adversário, o ex-campeão mundial Garri Kasparov, por 110 votos a 61. Uma porcentagem maior que na passada eleição, quando Kirsan derrotou à formula encabeçada por Anatoly Karpov (suportada por Kasparov). 
Antes do sufrágio, ambos os candidatos tiveram tempo para se dirigir aos delegados. Primeiro falou Kasparov, apresentando a sua equipe (entre eles o estadunidense Rex Sinquefield, um moderno mecenas do xadrez e alma mater do famoso clube de xadrez Saint Louis), prometendo patrocínios "a partir de amanha" e indicando que um dos principais problemas da FIDE é a falta de patrocínio, que adjudica à imagem de Ilyumzhinov. "FIDE -afirmou Kasparov- deveria ajudar às federações, atraindo investimentos. Eu sei como fazer isso".
Na sua apresentação, Kirsan explicou que ele vem mostrando faz 19 anos um trabalho sustenido ao frente da entidade, e afirmou, em resposta às declarações de Kasparov, que "não amanha, mas hoje, estou obtendo fundos para o desenvolvimento do xadrez em África, por valor de meio milhão de dólares". Ilyumzhinov ainda prometeu uma contribuição de 100.000 dólares para a Fundação Kasparov de Xadrez (!) e, arrancando aplausos da plateia (e algum sorriso da oposição) anunciou um investimento de vinte milhões de dólares para o xadrez.
Depois da sua vitória, Kirsan convidou a Kasparov a se integrar no trabalho institucional da FIDE, possivelmente ocupando uma vice-presidência. Não se conhece que vai fazer Garri, mas por enquanto o "ogro de Bakú" já está cobrando que a promessa dos vinte milhões se concretize.
Na oportunidade também se realizaram eleições para os continentes; Zurab Azmaiparashvili venceu na Europa (33x18 ante o anterior titular, o búlgaro Silvio Danailov), Sheik Sultan foi releito em Asia (38x12)

domingo, 10 de agosto de 2014

Derrota ante Holanda no absoluto e vitória ante Equador no feminino



Se sabia que a rodada de ontem podia ser muito difícil, contra uma equipe consolidada e forte como a de Holanda, que está dentro do grupo de países que aspiram a obter uma medalha. A derrota não é então um resultado surpreendente, porém sim foi mais ampla que o que o desenvolvimento das partidas mostrou.
O match pode-se dividir em duas partes: na primeira delas se registrou a vitória do prodígio Anish Giri ante Alexandr Fier e o empate de Felipe El Debs ante Robin van Kampen, ambos jogos relativamente rápidos. A segunda parte do match teve partidas que se estenderam em finais equilibrados mas com uma característica: os holandeses podiam jogar sem correr riscos, enquanto não era simples achar os melhores lances para Mekhitarian e Milos, ainda apremiados pela falta de tempo. E o que podia ter sido dois empates -e derrota pela mínima- se transformou por império do comentado em duas derrotas, configurando assim um placar que não faz justícia à luta dos mestres nacionais.
A boa noticia do dia foi a vitória da equipe feminina, pela mínima ante Equador, um resultado que a coloca melhorando a sua pré-classificação. Novas vitórias de Vanessa Feliciano e Juliana Terao e empate de Regina Ribeiro (foto abaixo).


Pela rodada 9 dois encontros duros: o absoluto ante Canadá (um time com um elo médio algo inferior ao de Brasil; conta com três grandes mestres encabeçados pelo sólido Anton Kovalyov e dois mestres internacionais) e o feminino ante Azerbaidjão (o time das irmãs de Mamedyarov), em match que vai ser uma verdadeira prova de fogo para as enxadristas brasileiras.

sábado, 9 de agosto de 2014

Grande vitória ante Letônia

Vanessa Feliciano voltou a vencer no primeiro tabuleiro de Brasil
Grande vitória de Brasil ante Letônia! O triunfo, pela diferencia mínima, coloca á equipe em uma boa posição, melhorando a sua pré-classificação. A equipe feminina também ganhou, ante Sri Lanka, e se acerca aos lugares acordes com a sua pré-classificação.
No absoluto, Leitão não pode com Shirov em um final de fantasia onde teve chances de empate, mas as rápidas vitórias de Mekhitarian e Milos (Gilberto leva 5½ em 6, excelente atuação) e o empate de Fier ante Kovalenko, que vem realizando um grande torneio, deram o triunfo ao time nacional.
No feminino, Vanessa Feliciano e Joara Chaves voltaram a vencer nos seus encontros e mantem uma atuação boa. A rodada deixa também a recuperação de Juliana Terao. Apesar da diferencia de elo, as representantes de Sri Lanka tiveram uma atuação digna e opuseram uma dura resistência
A rodada 7 entrega como principais novidades a liderança isolada de Azerbaidjão, que venceu a Cuba pela mínima. Leinier Dominguez derrotou a Shakriyar Mamedyarov, mas não foi suficiente pois Radjabov e Guseinov também venceram suas partidas. A derrota de Rússia ante República Tcheca é um duro golpe pára os primeiros pré-classificados, que estão perto de se despedir da luta pelo ouro -a margem agora é muito pequena-. Agora os tchecos compartilham a segunda colocação, a um ponto dos líderes, junto com China, Bulgária e România. Também foi noticia a derrota do campeão mundial Magnus Carlsen ante o alemão Arkadij Naiditsch.
No feminino a rodada acaba com um time liderando em forma isolada: Rússia, que venceu no clássico da prova a China, com uma importante vitória no tabuleiro 1 de Kateryna Lagno sobre a campeã mundial Hou Yifan.
A rodada 8 traz um difícil duelo para a equipe absoluta brasileira, que enfrentará a Holanda, um time com cinco grandes mestres, todos acima de 2600 de elo (e um com mais de 2700, Anish Giri). Brasil, que está em ascenso, pode realizar um bom match.
No feminino o time brasileiro enfrenta a Equador, em duelo que a priori pode se considerar equilibrado considerando o elo médio das enxadristas. Uma vitória colocaria à equipe nacional melhorando a pré-classificação.


sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Importantes vitórias

A cidade sede da Olimpíada entrega numerosas belas paisagens
Brasil recuperou território nos dois torneios, ao vencer a Coreia do Sul no absoluto pelo máximo placar, e a IBCA no feminino, pelo mínimo placar.
Na equipe absoluta descansou Rafael Leitão, e seus companheiros não tiveram dificuldades para superar a oposição que representaram os enxadristas asiáticos.
A rodada 6 deixa dois líderes: a forte equipe de Azerbaidjão, e Cuba, que vem realizando uma muito boa atuação. Uma série de dez equipes se posiciona a somente um ponto, entre eles a primeira favorita (por rating médio dos integrantes), Rússia. Noruega, Armênia e Ucrânia recuperam posições. os locais, com ajuda de Magnus Carlsen, que venceu de pretas a Fabiano Caruana para decidir o match.
A equipe feminina brasileira enfrentou algumas dificuldades no seu match ante as representantes da IBCA (International Braille Chess Association, que agrupa enxadristas não videntes ou com visão reduzida) porém eventualmente venceu o match, o que é muito importante desde o ponto de vista anímico.

Joara Chaves deu o ponto decisivo no match contra IBCA
Na rodada 7, a equipe absoluta de Brasil enfrenta a na mesa 13 a Letônia, um time com o grande mestre Alexey Shirov na cabeça (ok, longe das suas melhores épocas, mas ainda perigoso). O ex top ten não está sozinho: tem mais três grandes mestres na equipe e um mestre internacional, com elo médio algo inferior ao dos nossos representantes. Por en-quanto, eles somente perderam um match, ante Inglaterra.
Para Brasil, é um match bisagra. Se vence, consolida posições e pode brigar por ingressar no seleto grupo dos vinte primeiros.
A rodada traz também enfrentamentos duros nas primeiras mesas: Azerbaijão - Cuba, República Tcheca - Rússia, Sérvia - China e Bulgária - Holanda. E o duelo rioplatense: Uruguai - Argentina, ambos os times com os mesmos pontos que o Brasil.
O time feminino tem uma boa chance de continuar a sua recuperação e criar uma tendência ascendente, já que enfrenta à equipe de Sri Lanka, pudendo obter uma vitória ampla -o maior elo das integrantes da equipe asiática é de 1777-. A figura dessa equipe, por en-quanto invicta, joga nos tabuleiros 2 ou 3, Y. Methmali (1727 elo). De qualquer jeito, é muita diferencia e um 4x0 não seria uma surpresa, embora elas ainda não perderam por esse placar.
A rodada ainda entrega o clássico dos últimos anos entre China e Rússia, únicas líderes da prova com 12 unidades.

Kim,I (1829) - Mekhitarian,K (2568) 
Tromso NOR (6.2), 08.08.2014

1.e4 c5 2.Cf3 d6 3.d4 cxd4 4.Cxd4 Cf6 5.Cc3 e6 6.Be2 Be7 7.0–0 0–0 8.Be3 Cc6 9.f4 Bd7 10.Rh1 a6 11.a4 Tc8 


Uma posição popular do esquema Najdorf / Scheveningen. Agora 12.De1 é a opção mais utilizada, enquanto o seguinte lance é claramente prematuro 

12.f5?! Ce5!N 

A casa e5 pedia a gritos ser utilizada. O salto de cavalo de Krikor melhora o antecedente 12...Cxd4 13.Bxd4 Bc6 (Frei - Velkos, Austria 1995) 14.fxe6 fxe6 15.Bc4 com iniciativa branca

13.De1 Cc4 14.Bxc4 Txc4


Com par de bispos e a melhor formação, a posição preta é preferível 

15.b3 Tc8 16.Td1 Cg4 

Também possível é 16...Dc7!?

17.Bc1 

Algo melhor é outra retirada, 17.Bg1 que mantem o bispo na defesa do seu rei; 17...Bh4 18.Dd2 Dg5 com ligeira vantagem preta

17...Bh4! 


O objetivo deste lance é criar fraquezas nas casas brancas, que são as que não contam com um defensor no lado branco

18.g3 

18.De2 Cf2+ 19.Txf2 Bxf2 20.Dxf2 Txc3 é uma das linhas que mostram por que o bispo de casas negras branco está melhor em g1

18...Be7 19.Bb2 Cf6 20.h3? 

Superado estrategicamente, o branco tenta um ataque em massa com os peões da ala de rei, mas seus esforços acabam enfraquecendo ainda mais a sua posição; 20.Ba3 Dc7 com ligeira vantagem preta

20...e5 21.Cf3 b5 (clara vantagem preta) 


Agora todo tem a ver com as casas brancas. As pretas estão indo pelas peças que defendem e4, para abrir a grande diagonal 

22.axb5 axb5 23.Ba3 Txc3! 24.Dxc3 Cxe4 25.De1 Da8 26.Rh2 

26.Bb4 Tc8 27.Ta1 Db7 28.Ta2 Cg5 com ampla vantagem preta

26...Tc8 27.Tc1 Cxg3 28.Dxg3 Dxa3-+ 


Desde um ponto de vista matemático a relação material é aproximadamente igual, porém as pretas contam com muitos elementos no seu favor, com destaque para o rei mais seguro, o forte centro de peões, o par de bispos e a atividade das suas peças pesadas 

29.h4 

29.Ch4 Bf6 30.Cg2 e4–+

29...Bxf5 30.Df2 g6 31.h5 Db4 


32.hxg6 hxg6 33.Tg1 Rg7 34.Tg3 Df4 35.Tf1 Txc2 0–1


quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Duas derrotas


Duas derrotas, uma ajustada e outra por amplo margem, foi o saldo da participação brasileira na rodada 5 da Olimpíada; o dia livre de hoje chega no momento justo para recompor forças e tentar um novo começo na sexta feira, quando se realize a sexta rodada.
No torneio absoluto, o duelo entre Indonésia e Brasil foi muito parelho, e durante grande parte do tempo os termômetros -assim se bautizou popularmente ao sistema que mostra a avaliação dos computadores em tempo real- não se mexiam do centro. Infelizmente, no primeiro tabuleiro Rafael Leitão foi derrotado pelo seu colega Susanto Megaranto e o resto da equipe não logrou quebrar o empate.
A derrota pode-se qualificar como inoportuna, porque chega no momento no qual Brasil começava a se recuperar e ganhar posições, e porque a priori Indonésia parecia um rival accessível.
Também dura foi a derrota da equipe feminina brasileira, esta vez ante Uzbequistão e obtendo somente um empate, o de Vanessa Feliciano no tabuleiro 1. A mestre internacional vem obtendo os melhores resultados entre as integrantes do time nacional.
Na próxima rodada (6a feira), Brasil enfrenta no absoluto a Korea do Sul, uma equipe totalmente amadora, e no feminino a IBCA (enxadristas com capacidade visual reduzida). Uma oportunidade de recuperação.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Recuperação

Os grandes mestres Rafael Leitão e Alexandr Fier durante a rodada de hoje
Bela recuperação da equipe absoluta brasileira após a derrota da rodada prévia, ganhando de Nigéria por 4-0 com boa atuação de todos os integrantes.
No tabuleiro 1, o grande mestre Rafael Leitão levou as peças pretas ante  o mestre internacional Buni Olape, apelando a sua favorita Siciliana Taimanov. Talvez procurando um empate no estilo do jogo do dia anterior entre Nakamura e Giri, o africano escolheu a pouco usual 7.a3, porém Leitão variou criando um esquema Scheveningen que mostrou conhecer mais e melhor. Um interessante sacrifício de qualidade lhe deu um poderoso centro e logo o ponto.
No tabuleiro 2 o grande mestre Alexandr Fier fez uso de uma das suas últimas descobertas de abertura -a Trompowsky- para criar uma bonita produção com direito a seus já reconhecidos golpes táticos. Foi quase uma miniatura.
Os representantes de Nigéria ofereceram a maior resistência no tabuleiro 3, onde o grande mestre Krikor Mekhitarian teve que progredir ganhando milímetro após milímetro depois de uma abertura Reti que derivou logo em um cenário de Holandesa. Em certo ponto a posição ainda não era clara, porém um erro no apuro de tempo do condutor das brancas (33.Txc2? em vez de primeiro tomar em f6) deu ao brasileiro o ponto.
O grande mestre Gilberto Milos logrou uma rápida vantagem na Índia de Rei Sämisch da sua partida, que lhe permitiu montar uma forte posição de ataque e ganhar material depois. O resto era questão de técnica, e embora fosse a partida mais longa em número de lances, desde cedo já se percebia que a das pretas era uma causa perdida.

Por sua parte, a equipe feminina brasileira perdeu ante România pelo placar de 3x1. O ponto brasileiro se obteve no primeiro tabuleiro, onde a mestre internacional Vanessa Feliciano obteve uma importante vitória ante a experimentada Cristina Foisor (2404 elo).

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Outra vez Uzbequistão


Uma dura queda da equipe absoluta brasileira ante Uzbequistão, que somente obteve meio ponto (no tabuleiro 1, o empate de Rafael Leitão ante Rustam Kasimdzhanov), repetindo derrota e placar ante o mesmo adversário, que já o tinha vencido em Istambul 2012. O ligeiro favoritismo de elo de Brasil não se traduziu  nos tabuleiros, e ao chegar ao controle de tempo a posição de Fier e Mekhitarian era quase desesperada, enquanto a de El Debs inferior. No tabuleiro 1 o ex-campeão mundial FIDE tinha equilibrado de pretas ante o campeão nacional, sendo justa a divisão do ponto. 
Nesse ponto foi que os ex-URSS começaram a jogar duvidoso, permitindo equilibrar nos tabuleiros de Mekhitarian e El Debs. Se consideramos que antes do controle Fier tinha uma posição sustentável, é certo dizer que com alguma sorte o resultado poderia ter sido outro, ao menos mais ajustado que esse 3,5 x 0,5 que faz lembrar ao Alemanha - Brasil do mundial de futebol (sim, no xadrez também há sorte).
Infelizmente, se desaproveitaram as oportunidades e agora há que remar para recuperar posições. Amanhã Brasil enfrenta Nigéria, um rival acessível nos papéis, porém que acaba de vencer a Nova Zelandia, que estava muito acima deles. Com algum cuidado, a equipe deve trazer os dois pontos do match.
A equipe brasileira feminina, depois da derrota ante Rússia, se recuperou vencendo pela mínima a Luxemburgo (2,5 x 1,5, com três empates e vitória de Juliana Terao). O resultado podia ser maior se Feliciano concretizava a vantagem obtida, porém também pior, se as adversárias de Chaves e Chang continuavam a luta em vez de aceitar empate em posições ganhadoras (!). Amanha, entretanto, o Brasil tem uma dura prova em România, a sexta pré-classificada da competição.

Após duas rodadas, Brasil está entre os líderes


Um começo auspicioso para a equipe absoluta de Brasil na Olimpíada que se celebra na cidade norueguesa de Tromso, envolvendo duas amplas vitórias: 4 x 0 ante Trinidad & Tobago e 3,5 x 0,5 ante Bolívia. A equipe feminina, entretanto, debutou com uma fácil vitória ante Aruba (4 x 0) para depois cair ante a poderosa esquadra russa pelo mesmo placar. Neste último encontro a mestre internacional Vanessa Feliciano (foto) assegurou durante grande parte do jogo a Kateryna Lagno, e até teve alguma chance clara de empate no final, porém infelizmente perdeu a chance. Uma pena porque teria sido merecido esse meio ponto, pela luta feita e pelo fator anímico para o time.
Voltando à equipe absoluta, superou a primeira rodada com certa facilidade, e o mesmo pode ser dito da segunda, com exceção do empate que o grande mestre boliviano Oswaldo Zambrana (levando as peças brancas) arrancou de Rafael Leitão, em um jogo tranquilo iniciado com um esquema Giuoco Pianissimo.
Desse segundo match é a seguinte partida, que mostra um bom esquema branco para combater o gambito Volga / Benko, e também um bom trabalho posicional do grande mestre Felipe El Debs.

El Debs,Felipe (2522)
Monroy,Javier (2150) 
Tromso NOR (2.4), 03.08.2014

1.d4 Cf6 2.c4 c5 3.d5 b5 4.cxb5 a6 5.bxa6 Bxa6 6.Cc3 g6 7.e4 Bxf1 8.Rxf1 d6 9.g3 Bg7 10.Rg2 0–0 11.Cf3 Cbd7 12.a4!? 


O lance de moda no nível magistral. Antes uma opção muito secundária, este avanço já se posiciona no terceiro lugar entre as ideias utilizadas na posição, embora ainda longe em número de partidas que as linhas principais 12.Te1 ou 12.h3 

12...Da5 

Também populares são as seguintes opções: 
a) 12...Db6 13.De2 Tfb8 14.Bd2 Ce8 15.Thb1 com leve vantagem branca Nakamura - Bologan, Biel 2012; 
b) 12...Ta6 13.Dc2 Da8 14.Cb5 Tc8 15.Bd2 c4 (Moiseenko - Dubov, Khanty-Mansiysk rapid 2013) 16.Bb4!? com ligeira vantagem branca

13.Bd2 Db4 


As brancas mostram estatísticas muito favoráveis contra esta ideia. No nível magistral se prefere a opção 13...Tfb8 onde 14.Cb5 Dd8 15.Dc2 Ce8 16.Tab1 Cc7 (16...Tc8 17.Thc1 Cb6 18.a5 Cd7 19.Dc4± Mekhitarian - Toth, João Pessoa [Brasil ch] 2013) 17.Cxc7 Dxc7 18.Thc1com ligeira vantagem branca, Laznicka - Jianu, Varsóvia 2013

14.De2 Tfb8 

Um exemplo recente com esta linha é 14...Cg4 15.Thc1 Cge5 16.Cxe5 Cxe5 17.Cd1 Db7 18.a5 com ligeira vantagem branca, Aleksandrov - Volodin, Viljandi 2014

15.Thb1


As brancas obtiveram uma posição semelhante à da Nakamura no exemplo do comentário ao lance 12 das pretas. A dama em b4 está mais ativa, porém também mais exposta, o que justifica a avaliação de ligeira vantagem branca

15...h6N 

15...Db3 16.Ta3 Db4 17.Ce1 Ce5 18.Cd3 é algo melhor para as brancas, como em Wagner - Beradze, Maribor 2012

16.b3 g5!? 

O tipo de lance que acaba enfraquecendo a própria posição. Talvez 16...Db7 embora as brancas estão no mando, continuando entre outras com 17.Ta2 com vantagem para o primeiro jogador

17.h3 Rf8 18.Ta2±


18...Tb7 

18...Db6 19.Cb5± Esta é a formação ideal para as brancas, com todo defendido e nenhuma das peças na diagonal do bispo de casas negras adversário. Na partida, a presencia da dama preta em b4 conspira contra este plano, mas as brancas sempre têm a manobra Ce1–d3(c2) para expulsa-l] 

19.Ce1 Ce5 

19...Da5 20.Cc2±

20.Cc2 Db6 21.Ce3 

O primeiro jogador dispõe de varias possibilidades atraentes aqui; uma delas é 21.b4!? onde 21...cxb4 22.Cxb4 Dc7 23.a5 é estrategicamente ganhador para as brancas

21...Da6 22.Dxa6 Txa6 23.f3 e6

23...h5!? procurando contrajogo oferece melhores chance

24.Tc2 Cd3 25.dxe6 fxe6 26.Cb5  


Com esta formação que elimina qualquer possível ideia ofensiva das pretas na ala de dama, o peão a mais começa a valer 

26...Cd7 

26...d5 27.exd5 Cxd5 28.Rf1±

27.Bc3 

A ideia mais lógica: simplificações ajudam a concretizar a vantagem, e mais esta que elimina a melhor peça menor das pretas 

27...Bxc3 28.Txc3 Cb4 29.Td1 Re7

As pretas estão ante uma penosa tarefa de defesa 

30.Cc4 d5 31.exd5 


31...exd5? 

Entendível procura de contrajogo criando um peão livre, porém também abre linhas que vão ser utilizadas contra seu rei. Era necessária 31...Cxd5 32.Tcd3±

32.Te3+ Rf6 33.Ccd6+- Tbb6 34.Ce8+ Rf7 35.Cec7 d4 36.Cxa6 Txa6 37.Te4 Cf6 38.Te5 Cfd5 39.Tc1!? 

Pragmática, devolvendo material para chegar a um final com dois peões a mais. Objetivamente, as brancas podiam jogar 39.Rf2!? por exemplo 39...Rf6 40.Te4 Cc3 41.Cxc3 dxc3 42.Re3 c2 43.Tc1+-

39...Cd3 40.Txc5 Cxc5 

Melhor que 40...Cxe5 41.Txd5 Cc6 42.Td6+-

41.Txd5 Cxb3 42.Cxd4 


42...Cd2 

42...Cxd4 43.Txd4+-

43.Cf5 Cc4 

43...Re6 44.Txd2 Rxf5 45.Td4+- é outra forma de chegar ao final do comentário prévio. Aqui e naquela linha, as chances pretas são consideradas com um otimismo desmedido pelos computa-dores. Os dois peões a mais devem oferecer uma vitória relativamente simples às brancas

44.Tc5 Cb2 45.a5 

Mais um passo do peão, que cada vez se faz mais perigoso. As pretas estão sem contrajogo real, e a última tentativa acaba em novas perdas materiais 

45...Te6 46.Tc7+ Rf8 47.Cd4 Td6 48.Cb3 Te6 49.Tc2 Cd3 50.Td2 Te3 


51.a6 Ce1+ 52.Rf2 

O resto é simples e podia ser obviado pelo condutor das pretas 

52...Txb3 53.a7 Ta3 54.Td8+ Re7 55.a8D Txa8 56.Txa8 Cd3+ 57.Re3 Ce5 58.Re4 Cg6 59.Rf5 Rf7 60.Ta7+ 1-0

Uma muito boa produção de El Debs.