quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Brasil, ante uma oportunidade histórica


O Brasil está ante uma oportunidade histórica: se vence a România, no duelo pela rodada 11 da Olimpíada, consegue a melhor atuação de todos os tempos, se posicionando entre os quinze melhores times do mundo.
Quais são as chances? Bem, 50% e 50%. A equipe da România têm um elo médio muito semelhante ao brasileiro, perdeu Nisipeanu que era sua melhor carta (o grande mestre joga agora pela Alemanha), mas ainda conta com grandes mestres de nível como Lupulescu ou Parligras, que levam 6 em 10. Se prevê um duelo duro: no torneio, România sempre esteve lutando nas mesas de acima. Alguns resultados: 3x1 ante Eslováquia, derrota pela mínima ante Bulgária, 3x1 ante Bielorrússia, empates ante República Tcheca e Azerbaidjão... 
Entretanto, para Brasil, que está ante um objetivo inédito, o fato representa uma motivação extra, e deve ajudar. A equipe teve uma segunda parte da prova muito boa, se recuperando do começo algo impreciso e com destaques como as vitórias ante Canadá e Eslováquia.
O resultado individual dos representantes brasileiros, até o momento, é:

* Rafael Leitão, 3 em 7 (+1 = 4 -2)
* Alexandr Fier, 6½ em 9 (+6 =1 -2)
* Krikor Mekhitarian, 6 em 9 (+5 = 2 -2)
* Gilberto Milos (foto), 5½ em 7 (+5 =1 -1)
* Felipe El Debs, 5½ em 8 (+4 =3 -1)

Alexandr Fier está agora no lugar do melhor artilheiro do time, com meio ponto a mais que Krikor Mekhitarian, também de boa tarefa em Noruega.
Na rodada 11 descansa El Debs, pelo qual os enfrentamentos vão ser: Lupulescu - Leitão, Fier - Parligras, Jianu - Mekhitarian e Milos - Nevednichy.

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Também histórica é a liderança de China (foto, abaixo), que por primeira vez mostra a sua força no torneio absoluto e tem excelentes chances de vencer. O duelo da última rodada contra Polônia é de prognóstico algo melhor para a equipe oriental, mais que nada pela irregularidade mostrada pelo time europeu.


Apesar da longa tradição histórica do xadrez na China -remontada séculos trás-, o jogo ciência sempre teve que concorrer nesse país com a versão mais popular do xiangqi (xadrez chinês). A federação nacional foi iniciada somente em 1962, como um departamento da associação de xiangqi. Por esses anos foram organizados duelos contra a então potencia mundial do xadrez, a União Soviética, que finalizaram com a vitória desta última. No entanto, a revolução iniciada por Mao Tse Tung proibiu a prática do xadrez, e somente no ano 1976, com a morte do líder, a China ingressou na FIDE e foi desenvolvido um ambicioso projeto, chamado de Grande Dragão para fomentar a prática no país. Na olimpíada de Buenos Aires 1978 um enxadrista chinês venceu pela primeira vez a um grande mestre (e em grande estilo! Procure o jogo Liu Wenzhe - Donner dessa prova). O primeiro grande mestre foi Ye Rongguang no ano 1990, e já no 2000 tinham um enxadrista com mais de 2600 elo (Ye Jiangchuan). Tomou apenas sete anos para obter um que ultrapasse os 2700 (Wang Yue).
No entanto, o crescimento no xadrez feminino se mostrava mais, com campeãs mundiais como Xie Jun (1991-1996 e 1999-2001), Zhu Chen (2001-2004),Xu Yuhua (2004-2006) e o novo prodígio Hou Yifan (atual titular). O xadrez masculino, apesar dos progressos, ainda parece estar longe de obter um título mundial, mas um ouro na Olimpíada pode ser um bom começo, ou ao menos outro logro para um dragão que parece cada dia mais grande.

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A atuação da equipe feminina brasileira foi, na fase das rodadas 5-10, muito melhor que a primeira, com o time mostrando recuperação e determinação que a levaram a se colocar em posições mais acorde com a sua pré-classificação original (50). Na última rodada enfrenta a Moldávia, a pré-classificada 44, no que supõe um encontro difícil mas que pode ser equilibrado: enquanto as duas primeiras desse time estão realizando uma boa atuação, o ponto fraco delas está nos últimos tabuleiros. O mesmo diagnóstico pode ser feito para o time brasileiro, pelo qual match pode ser imprevisível. Os encontros: Baciu - Feliciano, Terao - Petrenko, Partac - Chaves e Chang - Hincu.
A atuação individual das brasileiras, até o momento, é:

* Vanessa Feliciano (foto), 6½ em 10 (+5 =3 -2)
* Juliana Terao, 5½ em 9 (+5 =1 -3)
* Joara Chaves, 4 em 7 (+3 =2 -2)
* Regina Ribeiro, 1½ em 8 (+1 =1 -6)
* Suzana Chang, 1 em 6 (=2 -4)

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Antes da rodada 10 a prova parecia se encaminhar a uma vitória simples para a forte equipe de Rússia, que tinha vencido o match decisivo ante China. Porém nessa penúltima jornada, a equipe líder foi surpreendida e derrotada pela Ucrânia, deixando os primeiros pontos no caminho. Era a grande oportunidade para China, porém a equipe liderada por Hou Yifan não pode passar do empate ante Espanha e agora, com um ponto a menos que Rússia (ao igual que Ucrânia) deve esperar por um improvável novo tropeço das líderes, que enfrentam a Bulgária.

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