segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Rio de Janeiro: o sucesso do ITT FEXERJ


A cidade maravilhosa voltou a ser sede de um torneio fechado de nível, o ITT FEXERJ, realizado entre os dias 13 e 21 de setembro com a organização de dita entidade, a Federação de Xadrez do estado de Rio de Janeiro, à qual o seu atual presidente, mestre fide Alberto Mascarenhas, está devolvendo aos primeiros planos do xadrez nacional depois de um período obscuro. 
A realização desta prova, que entrega a possibilidade de obter normas de títulos internacionais aos participantes, é um novo logro no andamento da federação estadual, que vem a coroar um esforço sustenido que envolve diversas atividades em todas as categorias e da o traço final para completar um círculo virtuoso que abarca desde as categorias inicias até as de nível de mestre.
De outra forma, o crescimento dos enxadristas de Rio simplesmente pararia com a participação no estadual. A chance de enfrentar enxadristas consagrados, inclusive alguns estrangeiros, é motivo de superação para os possíveis participantes, que podem também lutar pela obtenção de uma norma. Rio de Janeiro estava precisando de um torneio como este –o último realizado destas características foi em 2011-, e ainda precisa de planos futuros com torneios desta força. A elevação do nível dos enxadristas do estado vai ser o resultado de uma política séria de inclusão de provas de alto nível no calendário. A FEXERJ parece estar dando o primeiro passo nessa direção.
A sala de jogo da Associação Leopoldinense de Xadrez (ALEX), situada no centro carioca, foi o cenário do torneio; por lá passaram também muitos enxadristas conhecidos que somaram com a sua presencia para o sucesso da prova. Dirigida pelo próprio Alberto Mascarenhas, e com a arbitragem do AF Marcelo Einhorn e o NA Rafael Rafic, a justa se desenvolveu sem incidentes além dos puramente esportivos: todas as partidas foram lutadas até o último peão, e alguma falta de técnica (ou de boa forma) se viu compensada por muito esforço e predisposição ao jogo.
Uma das grandes atrações do torneio foi a presencia de mestres da velha geração carioca, como Eduardo Limp, Sadi Dumont –no seu regresso ao tabuleiro- e Ricardo Teixeira, aos que se somaram expoentes da seguinte geração como Wagner Guimarães, o alemão Georg Von Bülow –esteve perto de realizar a norma de mestre internacional- e quem escreve estas linhas –os dois últimos moramos em Rio, em fim-.
O vencedor do torneio, entretanto, foi o mestre internacional argentino German dela Morte, com os mesmos pontos que Limp, porém melhor sistema desempate. Ambos os mestres brigaram pela liderança desde o começo da prova, exibindo diferentes armas porém com a mesma efetividade: o brasileiro com seu jogo posicional e técnica de finais; o argentino com o seu cálculo preciso e uma muito boa preparação teórica. Os 7½ pontos que obtiveram fala per se do excelente torneio que eles fizeram.
É uma pena que Georg von Bülow não tenha feito a norma. Por um lado, ela estava alta demais: 7 pontos não é uma coisa fácil de obter em um torneio destas características. Porém Georg esteve a apenas um empate de obtê-la, na sua partida pela penúltima rodada contra o vencedor do torneio. OK, ainda assim ele devia ganhar a última rodada, porém a motivação enorme de obter uma norma teria feito o trabalho.
No que a minha atuação se refere, a deixo no deve. Muitos empates, alguns com elementos interessantes como os das partidas com Manzi e Limp, outros esquecíveis. Uma derrota desnecessária por jogar com muita ambição uma posição que requeria cautela, três vitórias –uma muito duvidosa; duas merecidas, sendo interessante a da partida com Wagner Guimarães onde pude vencer em um final de torre e cavalo por lado (com peão a mais) de livro-.
Na seguinte faixa de colocações na prova, Sadi Dumont, Ricardo Teixeira e Wagner Guimarães alternaram boas e não tão boas no torneio. Enquanto Sadi e Wagner foram de mais a menos –o cansaço foi minando as suas possibilidades-, Ricardo se recuperou de um má começo e levanto posições no final da prova.
Os restantes participantes –Renato Nunes, o italiano Raimondo Bottari (outro estrangeiro radicado em Rio) e Luis Manzi- acompanharam sem desentoar.

Luis Rodi Maletich

Posições:
1-2. G. Della Morte, E. Limp 7½; 3. G. von Bülow 6; 4. L. Rodi 5½; 5-6. S. Dumont, R. Teixeira 4; 7-8. W. Guimarães, R. Nunes 3; 9. R. Bottari 2½; 10. L. Manzi 2

Nenhum comentário:

Postar um comentário